Aliko Dangote aposta no "novo petróleo" de África. Principais parceiros são os chineses

Empresário com fortuna de 17,3 mil milhões de dólares contratou com Sinoma Internacional a construção de fábricas de cimento em África, para aproveitar o crescimento no continente e compensar perdas com o petróleo
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O homem mais rico da África pretende duplicar a produção de cimento no continente africano até 2020. Com isso, Aliko Dangote quer trazer riqueza à região, através do fornecimento de países em desenvolvimento, para compensar as perdas causadas pela queda do preço do petróleo.

A estratégia envolvendo o cimento, já considerado o "novo petróleo", foi revelada no momento em que a sua empresa, a Dangote Group, assinou, na semana passada, um contrato com a empresa de construção chinesa Sinoma Internacional, para construir fábricas em 11 países africanos. Avaliado em 4,3 mil milhões de dólares (3,8 mil milhões de euros), o contrato prevê a edificação de unidades fabris na Nigéria, Etiópia, Quénia, Gana, Camarões, Costa do Marfim, Senegal, Zâmbia, Níger, Mali e também no Nepal.

Na base deste investimento estão as economias e as populações em rápido crescimento em países como a República Democrática do Congo, Burundi e Ruanda, que têm levado a um boom da construção, transportes, energia e infraestruturas.

Atualmente, dois terços dos países da África subsariana têm de importar metade do cimento que utilizam. Para atender à crescente procura, o Banco Mundial estima que a capacidade de produção de cimento tenha de aumentar entre dez milhões e 15 milhões de toneladas por ano na próxima década.

De acordo com a BBC, as novas fábricas irão adicionar cerca de 25 milhões de toneladas de capacidade de produção de cimento às atuais 45 milhões de toneladas, nos próximos 30 meses.

Dangote diz que pretende aumentar a capacidade para cem milhões de toneladas até 2020, o que representa 75% da capacidade total da África subsariana instalada atualmente.

Atento aos problemas recentes da China e à desvalorização do petróleo, que também afetou a Dangote Group, o empresário de 58 anos, casado e pai de três filhos, refere a diversificação dos negócios do grupo. "É claro que fomos afetados", diz Dangote, "mas não fomos significativamente afetados porque não estamos 100% no petróleo".

Em abril de 2014, meses antes de os preços do petróleo começarem a cair, o empresário investiu nove mil milhões de dólares num consórcio internacional para a construção de uma refinaria privada de petróleo e um complexo petroquímico na Nigéria. Meses depois, anunciou o investimento de mil milhões de dólares no cultivo de arroz e em moinhos. E agora é a vez de reforçar a aposta no "novo petróleo".

Com uma fortuna avaliada em 17,3 mil milhões de dólares (15,3 mil milhões de euros), segundo a revista Forbes, o empresário é o homem mais rico da África, apesar de ter perdido dinheiro com o enfraquecimento da moeda nigeriana e a queda da procura de cimento. Mas nem por isso desistiu, traço que faz que o seu público preferido sejam os jovens - por ele vistos como empreendedores em potencia. Presença frequente em programas de TV e páginas de jornais e revistas, Dangote é uma estrela em palestras em escolas e universidades. Várias fontes falam na sua capacidade de hipnotizar quem o ouve com discursos ao estilo de guru motivacional, ensinando truques para quem quer ser milionário. Como ele, que lidera um grupo que é hoje uma das maiores instituições privadas de África e da Nigéria, com negócios desde o cimento à alimentação, passando pelos seguros e banca. Com um lucro superior a 400 milhões de dólares, emprega mais de 11 mil pessoas.

O império de Aliko Dangote começou há 30 anos, quando iniciou a comercialização de commodities, com um empréstimo do seu "poderoso tio", segundo a Forbes.

Natural de Kano, cidade nigeriana habitada desde 1809 pelos Fulani (antiga etnia nómada da África Ocidental), formou-se na Universidade Al-Azhar, no Cairo. Passou mais tarde pela política interna do país, chegando mesmo a apoiar diversos candidatos políticos que venceram eleições locais.

Em 2011, Aliko Dangote foi homenageado com a mais elevada distinção do país - membro da Ordem da República Federal, pelo presidente Goodluck Jonathan, com quem possui relações políticas e económicas estreitas, confirmadas pelo próprio Aliko Dangote. A nível social, o empresário apoia, com a Fundação Bill & Belinda Gates, um programa de erradicação da poliomielite na Nigéria.

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