Aliança de centro-esquerda vence eleições na Noruega
A oposição de esquerda, liderada pelo Partido Trabalhista de Jens Stoltenberg, terá vencido ontem as legislativas na Noruega, segundo as previsões à boca da urna. A sondagem realizada pelo Instituto Gallup para a televisão privada TV2 atribui ao Partido Trabalhista e aos seus dois aliados - o Partido Centrista e a Esquerda Socialista - uma ligeira vantagem de três deputados.
A confirmarem-se os resultados, a aliança de centro-esquerda ficará com 86 deputados no Parlamento de Oslo. A coligação de centro- direita, liderada peloprimeiro-ministro, Kjell Magne Bondevik, que agrupa o Partido Conservador, o Democrata-Cristão e o Liberal, deverá conseguir 83 deputados.
Conduzindo uma campanha que incidiu sobretudo no relançamento do Estado-Providência, os partidos de esquerda, que se uniram pela primeira vez, estão em vias de formar o novo Governo. Enquanto a aliança de Stoltenberg enfatizou as políticas sociais como os cuidados de saúde destinados aos idosos ou a falta de creches para as crianças, a coligação minoritária de centro-direita defendeu uma redução continuada dos impostos.
Mais de 3,4 milhões de eleitores foram entre ontem e domingo votar numa das mais disputadas legislativas da Noruega, depois de uma campanha centrada na distribuição da riqueza do país escandinavo que é o terceiro maior exportador mundial de petróleo. Embora os resultados possam sofrer ainda pequenas alterações, a diferença de votos será sempre muito apertada entre o chamado bloco "burguês" de Kjell Magne Bondevik, um pastor protestante de 58 anos, e uma aliança vermelha e verde, encabeçada por Stoltenberg, um economista de 46 anos.
Os 169 deputados do Storing (Parlamento), são eleitos de forma proporcional por quatro anos. Para conseguir alguns dos assentos parlamentares distribuídos a nível nacional, um partido terá de ultrapassar a barreira dos 4% dos votos.
O espectro político norueguês é, no entanto, bastante fragmentado são dez os partidos que apresentaram nestas eleições candidatos em cada uma das 19 regiões. Esta é, portanto, a principal razão para, em 36 anos, o país só ter tido dois governos maioritários.
Terminado o escrutínio, os noruegueses que são apreciadores de um bom vinho poderão regressar aos seus antigos hábitos. Isto porque, como é comum nos dias de eleição, os vinmonopol - supermercados estatais que detêm o monopólio da distribuição das bebidas alcoólicas na Noruega - estão fechados para evitar que a população encontre formas de distracção e contribuir para que o voto seja feito em 'plena' consciência.
Talvez por isso, os índices de participação eleitoral sejam sempre elevados. Os números definitivos destas legislativas ainda não são conhecidos, mas segundo as últimas previsões não estão muito distantes dos anos anteriores (76%). Em 2001, a abstenção ficou reduzida a 30,5%, enquanto que em 1995 situou-se nos 16%.