Para Melo Alves, advogado de Alfredo Morais, o ex-polícia condenado na quinta-feira a sete anos de prisão por crimes de extorsão em bares de diversão nocturna, no âmbito do processo das máfias da noite, é ilegal a prisão preventiva aplicada ao seu cliente e ao co-arguido Paulo Baptista, uma vez que foi decretada logo após a decisão condenatória. Apesar de terem sido emitidos mandados de captura, ambos os condenados continuam foragidos. ."A maioria das orientações dos tribunais superiores aponta no sentido de que uma decisão condenatória não signifique, por si, um perigo de fuga", disse o causídico ao DN, frisando que vai recorrer contra a imposição daquela medida de coacção máxima..A prisão preventiva foi decretada no fim do julgamento, após a juiz presidente do colectivo ter revelado as condenações para cada um dos 14 arguidos. A pena de Alfredo Morais foi de sete anos de prisão, enquanto a de Paulo Baptista, considerado o seu braço-direito, foi de seis anos e três meses. .Estes dois arguidos, considerados os principais cabecilhas daquele grupo que, segundo o tribunal, pressionava, sob ameaça, os proprietários de bares de diversão nocturna a aceitar serviços de segurança por eles prestados em troca de avultadas somas mensais, estiveram ausentes na audiência de quinta-feira. Alfredo Morais alegou motivos de saúde.Segundo apurou o DN, esta ausência pesou para que o Ministério Público (MP) requeresse a prisão preventiva para os dois até ao trânsito em julgado do processo. Para o magistrado, há um evidente perigo de fuga, atendendo às boas condições financeiras do líder do grupo, Alfredo Morais, sendo que também é um amigo muito próximo de Paulo Baptista. .A juíza deferiu o requerimento a validou a medida de coacção máxima. Mas, para advogado Melo Alves, o facto de ter havido uma condenação não significa que se tenham alterado as condições dos arguidos. O perigo de fuga é tão iminente agora como era antes. "A maioria das decisões deste tipo foi considerada ilegal pelos tribunais superiores" , disse o causídico ao DN, sem nunca revelar quando foi a última vez que falou com o seu cliente. O advogado também não quis comentar a situação de presumível fuga de Alfredo Morais..Este ex-polícia foi condenado por dois crimes de extorsão relacionados como bares Gallery e Elefante Branco, em Lisboa. Porém, o próprio tribunal reconhece que nunca foi provado que o arguido tivesse recebido dinheiro directamente dos proprietários dos estabelecimento, ou que, ao contrário de outros arguidos, tivesse ali comido e bebido sem pagar. .Para fundamentar a condenação, o tribunal deu como provada a acção em grupo, embora não desse como provado o crime desse associação criminosa. Neste sentido, a condenação resultou sobretudo da convicção do tribunal de que os proprietários pagavam os montantes exigidos por medo e não por vontade própria, embora o proprietário do Gallery tenha testemunhado no sentido de que nunca se sentiu pressionado a pagar os serviços de segurança prestados pelo grupo de Alfredo Morais. As quantias cobradas oscilavam entre os 200 e os 1400 euros, abrangendo pelos menos seis bares de Lisboa e Amadora. "É obvio que os pagamentos ao grupo eram feitos por medo", disse a juiz Leonor Botelho, lembrando que os arguidos sempre desvalorizaram as acusações.