Alexandra Solnado: "O amor é o protagonista da minha vida"

O fim da relação com André Cerqueira não tira à actriz a vontade de casar-se e de ter filhos. Enquanto não regressa ao trabalho, Joana Solnado aproveita para viajar e fazer uma reciclagem pessoal.
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Este tem sido um ano dedicado às viagens. Já se considera uma cidadã do mundo?

(Risos). Adoro essa expressão! Acho que quanto mais viajo mais me sinto uma cidadã do mundo. É essa a sensação que procuro quando viajo.

Por que razão tem viajado tanto?

Quis ter outras experiências de vida, o que na minha profissão é uma das coisas mais importantes. Se uma pessoa não vive não consegue representar a vida. Então, criei a oportunidade de viajar durante um ano e tenho andado por aí a saltitar.

Pegando na sua expressão, por onde é que tem "saltitado"?

Andei por aí. Não apanho um avião para conhecer um país, escolho primeiro o destino. Por exemplo, viajei pela costa da Tailândia e quando dei por mim estava na Malásia. Mas não fui à Malásia, perdi-me na Malásia. E acho que isso é o mais giro, é não saber para onde vou nem o que vou fazer. Tenho uma paixão assolapada pelo Sudeste Asiático, por aquela cultura, música, gente. Sempre tive muita curiosidade em conhecer. Já lá estive e agora vou voltar para conhecer outros lugares e ficar mais tempo.

Esteve só na Ásia ou foi a outro continente?

Também estive nos Estados Unidos, mas fui visitar uma amiga. Foram férias, tinha casa onde ficar, ou seja, estava tudo mais ou menos programado. É diferente de viajar pelo mundo e conhecer coisas de que nem estava à espera.

Então o seu estilo é: mochila às costas e vamos à aventura?

Programo as três primeiras noites e depois logo se vê. A primeira vez que fui à Ásia levava uma mochila com 15 quilos. Agora tem sete, estou mesmo a reduzir a coisa à essência porque não vale a pena. Não é preciso levar três pares de sandálias, basta umas havaianas.

O que costuma levar na mochila?

Muito pouca roupa, o caderno que estou a escrever na altura, alguns comprimidos básicos e um ou dois livros em português, porque às vezes farto-me de ler em inglês. E opto por não levar computador porque senão ficava lá. Gosto mesmo de abandonar o Ocidente e entregar-me aos mistérios orientais.

Viajar sozinha não é assustador?

Um pouco, mas ao mesmo tempo dá-me adrenalina e vontade de me desenrascar. E isso tem-se verificado, nunca me aconteceu nada de muito perigoso. Já apanhei sustos, mas de ignorância.

Então?

De quem não conhece a cultura. Houve uma noite em que estava a andar de táxi, às duas da manhã, e o taxista começou a dar voltas e voltas e eu pensei logo que ele me ia cobrar um balúrdio. Depois comecei a pensar: "Se ele me levar para um lugar que não conheço pode acontecer tudo." Perguntei-lhe por onde  me estava a levar e ele só dizia: "A passear." Então, comecei a filmar, que é uma coisa que costumo fazer quando começo a ficar com medo.

E qual foi o resultado?

Ele levou-me a um miradouro que é a coisa mais linda que já vi. Quando chegámos ao topo, vi um mar imenso, cheio de ilhotas iluminadas pela luz da Lua, com aquela cor prateada. E, quando olhei para ele, apercebi-me de que se sentia orgulhoso por estar a mostrar-me a terra dele. No final não me cobrou nem mais um cêntimo!

Faz muitos amigos nas viagens?

Bastantes. Comunico com eles por e-mail e no Facebook. Quando encontramos pessoas que também estão a viajar sozinhas há uma disponibilidade que em casal ou em grupo não encontramos. Quando estamos sozinhos há uma predisposição para conhecer pessoas, para conversar e falar.

Sente que precisava de fazer descansar a sua imagem?

Acima de tudo, acho que precisava de descansar a minha cabeça (risos). O ano passado foi muito difícil, a todos os níveis. Não considero esta paragem uma pausa, mas sim uma reciclagem sem técnica de representação. Uma reciclagem de pessoa, de vida, interna.

E o público, já sente saudades suas?

Não sei, mas eu já sinto saudades dele (risos). Tenho imensas saudades de trabalhar. Pretendo voltar no próximo ano, mas ainda não posso falar sobre isso. Só posso adiantar que há um projecto em televisão e outro em teatro.

Tem acompanhado a ficção portuguesa?

Claro que tenho curiosidade em saber o que se está a fazer, mas não é meu hábito ver telenovelas. Quando o faço é para ver o meu trabalho, para tentar aperfeiçoar ou melhorar, mas a novela em si nunca foi um formato que me apaixonasse enquanto espectadora. paixona-me fazer, mas não me apaixona ver.

Porquê?

Não é a minha praia...

E gosta de se ver na televisão?

Não. Nós trabalhamos com o corpo, então, acaba por ser uma crítica directa ao nosso corpo, à nossa expressão, o que traz muita insegurança.

Que balanço faz da última novela em que participou, Sentimentos?

Uma novela muito difícil, porque teve muitas reviravoltas. Chegámos a gravar cenas com uma diferença de 40 episódios, é complicado manter a evolução da personagem. A personagem não era fácil e tive dificuldade em manter-me apaixonada por ela durante todo o tempo de gravações.

Não gostou da sua personagem?

Gostei, mas acho que ela existia pouco. Não em quantidade, mas em profundidade. A personagem em si era gira, mas a história e a personagem divergiram, não convergiram.

Já viu a nova novela novela da SIC, Laços de Sangue?

Ainda não, mas tenho curiosidade. Acho bem que existam outros canais a produzir ficção porque a concorrência traz mais qualidade. Já ouvi opiniões muito positivas e negativas, mas ainda não formulei a minha.

Acha que é possível, algum dia, vermos a Joana na SIC?

Estou muito feliz na TVI, foi a estação onde comecei e que apostou em mim. A primeira vez que saí da TVI foi para fazer um trabalho internacional, para a TV Globo.

Mas já foi sondada pela SIC?

Não.

Disse que o ano passado foi difícil a todos os níveis. Em Agosto fez um ano que o seu avô, Raul Solnado, partiu. ente muitas saudades dele?

As saudades são muitas, como é natural. Qualquer coisa que eu diga, qualquer recordação que identifique vai estar sempre aquém do significado que ele teve na minha vida. Por isso nunca especifico situação alguma porque é tão imenso que precisava de estar uma vida inteira a falar. Acho que é desta forma que se explica. Esta ausência de redução da emoção que eu sinto é a maior explicação que posso dar.

Sente o carinho dos portugueses pelo seu avô?

Sinto.

O Raul continua presente no seu dia-a-dia?

Não. Acho que é o ciclo natural das coisas. Às vezes parece que ele ainda cá está, outras vezes voltamos à realidade e sabemos que não está. Nunca dramatizei a morte. É um ciclo natural como nascer, só que dói mais.

Falando em nascimento, deseja ser mãe?

Desde os 19 anos que ando a conter-me...

Ainda não chegou o momento certo?

Ainda tenho muitas coisas para fazer. E a maior prova de que sinto que o meu corpo já está a mexer-se para isso é eu estar a fazer estas viagens e estas loucuras porque quando for mãe não serei capaz.

Imaginava ser mãe mais cedo?

Sim. Gostava de ser mãe ainda nova, mas estou a aproveitar enquanto não os tenho porque depois quero dedicar-me completamente a eles.

Já fala no plural. Quantos quer?

Gostava de ter três, mas só depois do primeiro é que vou saber. Quando era pequenina costumava dizer que nasci para ser mãe. Adoro crianças, adoro proteger, cuidar, ajudar a encontrar soluções para aquilo de que precisam, para crescerem e andarem pelo mundo.

É romântica?

Sou muito romântica, adoro receber flores, essas coisas tontas (risos).

Qual é o papel do amor na sua vida?

É o protagonista, obviamente. Tem o papel principal. O amor, em todas as suas vertentes, é a única coisa que é uma verdade universal, cura tudo, põe tudo bonito, afaga tudo. É a coisa mais bonita que o mundo tem. Por isso é que faço dele a peça fundamental em todas as suas vertentes. Não falo apenas do casamento e da relação a dois, também disso, mas não só.

A Joana e o André Cerqueira mantiveram uma relação discreta. Não gostavam de se expor?

Sim, sou discreta em relação à minha vida pessoal. Aquilo que me permitem, claro.

Mas compreende o interesse do público?

Sim, entendo isso. Mas a melhor maneira de gostar das pessoas é respeitá-las.

E com tantas viagens existe tempo para o amor?

(Silêncio). Não falo sobre isso. A minha resposta está na pergunta anterior.

Pensa casar um dia?

Sim. Pela Igreja nem pensar, só for no adro, na porta (risos). Penso fazer uma festa que brinda ao amor, seja o que for.

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