Alemães de dentes cerrados no caminho dos portugueses
Áustria-Alemanha. Ballack marcou primeiro golo de livre do Europeu
Defesa alemã voltou a mostrar desacerto na aposta no fora-de-jogo
Sem surpresa, mas com mais dificuldades do que o previsto, em especial na primeira parte, foi a Alemanha a confirmar-se como opositora de Portugal no jogo de quinta-feira, em Basileia.
Foi de dentes cerrados, à imagem do impressionante esgar de Michael Ballack no momento em que arrancou o pontapé libertador (49 minutos), que a Mannschaft confirmou o óbvio favoritismo, derrubando dois adversários de uma só vez. O mais acessível: uma Áustria empenhada mas pobrezinha, a jogar nos limites da dureza. O mais complicado: os medos e inseguranças próprios, nascidos da inapelável derrota com a Croácia.
Tudo teria sido diferente se Gomez, novamente desastrado, não tivesse falhado o golo mais fácil da sua carreira, a um metro da linha de golo, após assistência de Klose (4'). Esse erro precipitou uma repetição da intranquilidade vista com os croatas e que na prática se traduziu no desacerto com que a defesa alemã aposta no fora-de-jogo. Nuns pés mais talentosos do que os de Hoffer e Aufhauser, as oportunidades da Áustria teriam por certo efeitos pesados no moral da equipa de Joachim Low.
Com os nervos à flor da pele, Podolski e Pogatetz quase chegavam a vias de facto e, pouco depois, eram imitados pelos seus seleccionadores. Após uma infantil discussão, com o quarto árbitro como pretexto, Low e Hickersberger foram acabar de ver o jogo para a bancada, um destino que o alemão estará certamente condenado a repetir nesta quinta- -feira.
No campo, entretanto, a Alemanha procurava respirar fundo. O intervalo foi uma benção que colocou as coisas nos devidos lugares: o livre fantástico de Ballack (49', o primeiro golo de livre directo no Euro) acabou com as ilusões dos austríacos e permitiu aos homens de branco recuperarem um pouco da segurança mostrada no primeiro jogo, com a Polónia.
Nos quartos-de-final, em Basileia, Portugal vai ter pela frente um adversário de respeito, com muitos argumentos ofensivos (Podolski e Klose em forma, Ballack novamente capaz de resolver) mas outras tantas fragilidades. Acima de tudo, será uma Alemanha com menos cinco dias de repouso do que a maior parte dos titulares de Portugal. Ou seja: uma equipa de novo condenada a jogar de dentes cerrados. Ballack mostrou-lhes como se faz.