Aleksandar Vucic reeleito presidente da Sérvia com vitória esmagadora
O presidente da Sérvia, Aleksandar Vucic, obteve uma esmagadora vitória nas eleições de domingo, sendo reeleito para um segundo mandato de cinco anos e prolongando a década de domínio sobre este país dos Balcãs. Na campanha apresentou-se como o garante da estabilidade à sombra da guerra na Ucrânia: "Paz. Estabilidade. Vucic", foi o seu slogan. O presidente russo, Vladimir Putin, já o felicitou pela vitória e elogiou a "cooperação estratégica" entre os dois países.
"Ganhei 2.245.000 votos na primeira volta", afirmou Vucic no seu discurso de vitória, conquistando quase 60% dos votos. O antigo general Zdravko Ponos, da coligação de centro e pró-europeia Aliança para a Vitória, terá sido segundo, com 18,3% de votos. Apesar da vitória folgada de Vucic, o seu Partido Progressista Sérvio (SNS, na sigla original) terá, contudo, ficado aquém da maioria no Parlamento de 250 lugares e precisará de apoio para formar governo. Conseguiu 43% nas legislativas. A Aliança obteve 13,6% e o Partido Socialista da Sérvia (aliado do SNS) foi terceiro, com 11,5%. A coligação de direita Nada (Esperança) e a aliança ecologista Moramo (Devemos) conseguiram 5,4% e 4,3%, respetivamente.
Um fervoroso ultranacionalista nos seus primeiros 15 anos na política, o presidente, de 52 anos, apresenta-se como pró-europeu desde 2008 e continua a promover as negociações de adesão à União Europeia, que, no entanto, estão paradas há anos. Depois de ser eleito primeiro-ministro em 2014 e 2016, conquistou o seu primeiro mandato presidencial em 2017, com 55% dos votos.
Vucic espera que a Sérvia entre na UE nos próximos anos, algo que pode ser questionado pelo seu insistente apoio a Moscovo. Apesar de ter votado a favor da resolução da ONU que condenou a invasão russa, a Sérvia recusou juntar-se aos EUA e à UE na adoção do amplo leque de sanções contra Moscovo. E, embora pretenda uma adesão à UE, tem reforçado as relações políticas, económicas e militares com a Rússia. Durante a campanha, Vucic repetiu que a Sérvia "não é um servo de ninguém" e não mudará a sua "posição neutra" em relação à guerra na Ucrânia.
Num país que já foi considerado um pária, as memórias das guerras que provocaram a desintegração violenta da Jugoslávia e das sanções económicas que afetaram a classe média continuam muito presentes. "As pessoas preferem um líder que prometa estabilidade a arriscar uma mudança", disse à AFP o professor de Ciências Políticas em Belgrado Zoran Stojiljkovic. "As grandes crises, pelo menos a curto prazo, favorecem quem já está no poder. Geram incerteza, medo e esperança de que o sistema garantirá pelo menos a segurança básica."
Putin já felicitou Vucic. "Acredito que as suas ações como chefe de Estado continuarão a promover o fortalecimento da parceria estratégica que existe entre os nossos países. Inquestionavelmente, é do interesse dos povos irmãos da Rússia e da Sérvia", disse num telegrama de felicitações publicado pelo Kremlin. Putin considerou que esta vitória "convincente" refletiu "amplo apoio" dos sérvios à política de Vucic, que visa resolver os problemas "socioeconómicos atuais" e prosseguir uma "política externa independente".