Não havia uma reportagem sobre portugueses em Madrid que não incluísse Albertino Figueiredo, fundador da Afinsa, detentor de 50,01 por cento do capital da empresa, e seu presidente até ao ano 2003. Um homem respeitado pela comunidade lusa, conhecido por ser muito afável e filantropo, um mecenas de diferentes causas. O seu escritório, no Palácio Gamazo, no centro da capital espanhola, tinha várias obras de arte nas paredes. Ele próprio tem uma colecção pessoal que inclui quadros de Miró, Picasso, Renoir, Vieira da Silva ou Pissaro. Era conhecido, entre os portugueses de Madrid, como um homem importante, muito rico, e dono de casas em Paris e Monte Carlo..Nascido no distrito de Viseu, em 1931, contou várias vezes que recebeu o seu primeiro selo aos oito anos, presente de um amigo do seu pai. Formou-se em engenharia e, em 1965, mudou-se para Madrid, para trabalhar numa fábrica de automóveis. Mas durante o Verão Quente português de 1975, percebeu o potencial do selos. Um espanhol quis vender-lhe um selo que custava três vezes o seu salário de engenheiro. Como não conseguia fazer passar o seu dinheiro, que estava em Portugal, pela fronteira, gastou-o em selos - menos óbvios para as autoridades aduaneiras - com a promessa de que o espanhol os compraria. Cinco anos depois deixava a fábrica de automóveis e fundava a Afinsa. Numa entrevista, disse: "O primeiro passo era tornar o mercado mais transparente. (A filatelia) é mais rentável que a banca, mais segura que a bolsa e mais acessível que a compra de imóveis. Há 800 extraordinárias colecções de selos em todo o mundo, que correspondem a 800 extraordinárias fortunas.".Albertino Figueiredo, detentor de cerca de cinco mil selos, é ainda proprietário da mais importante colecção de selos portugueses. .Casou três vezes, foi condecorado com a Ordem de Mérito da República Portuguesa, medalha que lhe foi entregue, em 2001, pelo então embaixador Martins da Cruz..Em 26, a Afinsa tornou-se num colosso do sector, com mais de 2000 empregados e escritórios na Europa e EUA. .Albertino Figueiredo tem ainda uma fundação com o seu nome, dedicada à promoção da filatelia, com que se ocupava desde que passou a ser presidente honorário da Afinsa, em 2003. Sobre os selos disse uma vez: "Não é gastar dinheiro, é investir." C HG