Aguarela de grafite nasceu do artista plástico José Emídio

A concepção da aguarela de grafite que a empresa Viarco começou este mês a comercializar em Portugal, Alemanha e França, como produto inovador a nível mundial, resultou de uma ideia inicialmente abordada pelo artista plástico José Emídio.
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O facto reflecte a "estratégia de proximidade ao meio artístico" que José Miguel Vieira Araújo, administrador da Viarco, considera "decisiva para a experimentação de novos produtos e para a identificação imediata de necessidades que nem sempre são explícitas".

José Emídio considera que essa postura coloca a Viarco ao nível "das grandes marcas mundiais [de produtos para artes plásticas], que sempre tiveram um acompanhamento fortíssimo por parte dos artistas ao longo da sua actividade".

No caso da aguarela de grafite, a ideia surgiu em 1990, quando José Emídio preparava as comemorações do bicentenário da invenção do lápis: "Fizemos um filme sobre a fábrica da Viarco e descobri a grafite enquanto matéria-prima em bruto, antes de cozer, já misturada com a argila".

"Achei que aquilo tinha potencial para a pintura", continua o artista.

"O senhor António José Vieira Araújo [sócio-gerente da Viarco] decidiu fazer umas experiências e depois apareceu-me com uma bola de grafite, que eu não achei nada de especial porque fazia um risco vulgar".

O autor da nova grafite explicou então que o truque era a adição de água e o artista voltou a experimentar: "Usei água a mais e aquilo ficou empapado, mas fiz o que faz qualquer pintor perante uma papa - apliquei-lhe o pincel - e achei aquilo fantástico".

José Emídio admite que "hoje em dia é muito difícil inventar seja o que for", mas defende que "há sempre margem para criar coisas novas" e é entre essas que situa a aguarela de grafite da Viarco: "É um meio riscador novo. Como dizia Rolando Sá Nogueira [1921-2002], é 'lápis a pincel'".

O produto demorou, contudo, a chegar ao mercado. "Esteve na gaveta alguns anos" e depois foi sujeito a diversos ensaios em laboratórios de apoio à indústria, para apurar o seu nível de fixação e grau de durabilidade.

A remodelação interna da Viarco também contribuiu para que só fosse registado em 2007.

"Está agora a entrar com força no mercado", afirma José Vieira Araújo, "e o desafio que se nos coloca, mais do que tentar proteger patentes, é continuar a promover a inovação".

"É muito difícil as coisas não serem copiadas, mas, se nos mantivermos numa actualização permanente, quando os outros lá chegarem, já nós estamos a inovar noutra coisa. Estar sempre um passo à frente é o que confere prestígio à marca", disse o empresário.

A Viarco é a única fábrica de lápis do país. Tem sede em S. João da Madeira e emprega 25 colaboradores numa unidade "altamente tradicional, em que os equipamentos são arqueologia industrial pura", diz o administrador da empresa.

Depois do material escolar, a marca aposta agora no mercado das artes gráficas, das artes plásticas e do design.

Em 2008, destinava 10 por cento da sua produção ao estrangeiro.

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