Afinal, o que é que a "cultura pop" fez por mim?

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Numa palavra: tudo.

Aprendi História com Era Uma vez o Homem, na TV, e sobre o império romano e Cleópatra com os livros de Astérix. Viajei às Américas, aos Andes e ao Nepal (e à Lua) com Tintin e passeei-me pelas ruas de Londres através das vinhetas fotorrealistas de Blake e Mortimer. E quando hoje leio que a ciência descobriu um qualquer novo medicamento ou "supercomida" numa variedade de cogumelos, não fico espantado pois há anos que o conde de Champignac (Talmourol nas traduções do meu tempo) o fazia nas páginas de Spirou.

Com os comics americanos, que chegavam cá através das traduções brasileiras da Editora Abril (a mesma da Turma da Mônica), vi como é não ficar tudo como dantes ao chegar à última página. Todas as ações têm consequências, muitas vezes inesperadas; coisas más acontecem às melhores pessoas (até o Super-Homem é mortal); e do mais negro pesadelo pode nascer um louvável sentido de justiça (vista-se ele de morcego ou não).

Entretanto, o Senhor dos Anéis JRR Tolkien mostrou-me, adolescente, como o poder corrompe e o homem é falível. Depois, a cada nova leitura, mostrou-me a maravilha que é a língua inglesa quando escrita com mestria; e como a imaginação de uma só pessoa pode gerar todo um universo que quase se sente como real.

Apesar de os monstros de Espaço 1999 me terem dado pesadelos (sim, não era para a minha idade, mas eu vi à mesma...), o gosto por "coisas do espaço" nunca mais me largou. Refiro-me a Star Wars e a Battlestar Galactica (original ou o remake); a Buck Rogers (ai a coronel Deering, nos seus fatos colantes!) e à obra-prima da criação humana que é 2001: Odisseia no Espaço. Mas também a Cosmos, de Carl Sagan, que me deu uma perspetiva factual do meu lugar no universo e me ensinou que ciência é uma forma de pensar com o objetivo de chegar à verdade.

Por fim, Star Trek fez-me acreditar que por maiores que sejam os desafios, a humanidade conseguirá ultrapassá-los se puser de lado as suas irrelevantes diferenças. Nas palavras de Stephen Hawking (para os Pink Floyd): "Com a tecnologia que temos à nossa disposição, as possibilidades são ilimitadas. Tudo o que temos de fazer é garantirmos que continuamos a comunicar."

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