Afinal, o leão Jericho está vivo. Zimbabwe proibiu as caçadas
Depois da fúria generalizada que causou a morte do leão Cecil, abatido numa caçada ilegal no Zimbabwe por um dentista do Minnesota, Estados Unidos, a novela das caçadas aos leões e das suas repercussões mediáticas e na justiça e no turismo daquele país africano, está longe de um desfecho, com notícias e contranotícias a baralhar os acontecimentos.
O leão Jericho, irmão de Cecil que tinha sido dado como morto por abate ilegal, afinal está vivo, soube-se ontem, mas um segundo caso de uma caçada ilegal que envolve outro cidadão norte-americano foi também ontem anunciado pelo Zimbabwe que decidiu, entretanto, interditar por um prazo indefinido a caça aos leões no seu território.
A notícia da morte de Jericho, também do Parque Nacional de Hwange, que teria sido abatido por caçadores ilegais, havia sido avançada no sábado pela organização não-governamental de conservação Zimbabwe Conservation Task Force (ZCTF).
A organização colocou na sua página de Facebook um pequeno texto anunciando a morte de Jericho. "Foi com grande indignação e tristeza que acabámos de ser informados que Jericho, o irmão de Cecil, foi morto hoje [sábado] às quatro da tarde. Estamos absolutamente devastados", escreveram os responsáveis da organização, citados numa notícia da Reuters.
Afinal, a informação era errada e o próprio parque desmentiu-a. Ouvido pela Reuters, Brent Stapelkamp, um dos biólogos que trabalham no terreno no projeto dos leões do parque, e que monitoriza os dados de GPS dos animais que estão a ser seguidos no terreno, afirmou que "ele [Jericho] aparenta estar vivo e bem, tanto quanto posso ver pela sua movimentação".
No monitor através do qual o biólogo segue o rasto de Jericho, tudo parece portanto em ordem, com o GPS a mostrar as suas deambulações habituais no terreno sem alterações a assinalar. "Ele parece ter uma fêmea", sublinhou Brent Stapelkamp.
Embora falso, como se verificou, o anúncio da ZCTF teve, no entanto, o efeito de avivar a indignação dos internautas nas redes sociais, que voltaram a invetivar Walter Palmer, o dentista do Minesotta que no início da semana passada admitiu em comunicado ter sido o causador da morte de Cecil. Nesta altura corre uma petição pública nos Estados Unidos para que Palmer, cujo paradeiro é nesta altura desconhecido, seja extraditado para o Zimbabwe, para ali prestar contas à justiça.
A petição vai, aliás, ao encontro das pretensões das autoridades do Zimbabwe que já anunciaram o pedido de extradição de Palmer, para que ele possa ser julgado naquele país africano.
Ontem, um porta-voz da Casa Branca afirmou que a petição será tida em consideração se atingir o número de cem mil subscritores. Essa apreciação é obrigatória por lei, quando uma petição pública congrega esse número de assinaturas. A Casa Branca, porém, sublinha que só ao Departamento de Justiça cabe dar uma resposta sobre um pedido de extradição.
A identidade do segundo cidadão norte-americano que está a ser acusado de ter matado ilegalmente um leão no Zimbabwe, no seu caso em abril, não foi revelada.