Afastada do cargo deputada opositora venezuelana

A direção do parlamento venezuelano afastou hoje do cargo a deputada opositora Maria Corina Machado, que tentou levar as suas críticas ao governo à Organização de Estados Americanos (OEA), reunida nos Estados Unidos da América.
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"A senhora Machado deixa de ser deputado. A partir desde momento, na Assembleia Nacional, a senhora Machado não volta a entrar como deputada, pelo menos neste período (legislativo)", anunciou o presidente da Assembleia Nacional (parlamento).

Diosdado Cabello indicou que a opositora aceitou deslocar-se à OEA a convite do Panamá e que o parlamento venezuelano pediu ao Ministério Público "uma investigação que levaria ao provável levantamento da imunidade parlamentar", o que já não se aplica devido à sua expulsão.

Agora, Maria Corina Machado poderá ser "investigada diretamente" pelas acusações de que é alvo pela parte da maioria socialista, que a responsabiliza pelas mortes que ocorreram nas manifestações anti-governamentais das últimas semanas, e ainda por "traição à Pátria", afirmou.

A destituição foi feita segundo os artigos 191 e 149, que determinam que os deputados "não poderão aceitar ou exercer cargos públicos sem perder a sua investidura" e que "os funcionários públicos não poderão aceitar cargos, honras ou recompensas de governos estrangeiros, sem a autorização da Assembleia Nacional", respetivamente.

Sábado, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou a opositora de estar ao serviço de um governo estrangeiro e de ter acudido à OEA para pedir "que intervenha" no país.

"Aconteceu algo que jamais tinha ocorrido no nosso país. Uma personagem do fascismo, a ex-deputada Machado, foi nomeada embaixadora da OEA de um governo estrangeiro, converteu-se numa funcionária de um governo estrangeiro para ir fazer ficar mal a Venezuela", disse.

Usando o termo "ex-deputada" o presidente da Venezuela precisou Maria Corina Machado foi designada "embaixada alterna no governo de saída do Panamá na OEA".

Sexta-feira a deputada esteve na OEA, onde não conseguiu dar a conhecer as suas dopiniões sobre a situação venezuelana e pedir, segundo a própria, que fosse aplicada a Carta Democrática Interamericana

Maria Corina Machado ia pedir também que fosse convocada uma reunião de ministros da OEA e que fosse emitida uma resolução para "acabar com a repressão" e libertar os presos políticos.

A sessão em que participaria, a pedido da Nicarágua passou de pública a privada, com 22 votos a favor, 11 contra e uma abstenção.

Oito horas mais tarde foi retirada da ordem do dia com 22 votos a favor, 3 contra e 9 abstenções dos representantes dos países membros.

A deputada, que no fim de semana esteve em Caracas, encontra-se atualmente em Lima, Peru, para participar num seminário da Fundación Libertad do escritor Mário Vargas Llosa.

"Eu sou deputada da Assembleia Nacional enquanto o povo da Venezuela assim o quiser", escreveu na sua conta no Twitter ao saber da decisão da direção do parlamento.

FPG // APN

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