Aeroporto de Acapulco ocupado em protesto contra desaparecimento de estudantes
Centenas de estudantes, professores e familiares dos 43 alunos mortos em setembro na localidade mexicana de Iguala, invadiram hoje o aeroporto de Acapulco, perante a passividade policial.
O porta-voz dos pais dos estudantes de Ayotzinapa, Felipe de la Cruz, disse a jornalistas que os manifestantes pretendem manter o aeroporto encerrado pelo durante "três horas", nesta que é a mais recente ação de protesto contra o desaparecimento e posterior confirmação da morte dos estudantes.
Os manifestantes escreveram nas paredes do terminal aéreo frases como "Somos todos Ayotzinapa" e Enrique "Pena Nieto, assassino", mencionando o nome do presidente mexicano, que se encontra de visita à China.
Antes da marcha sobre o aeroporto, registaram-se confrontos com a polícia antimotim, com os manifestantes a lançarem pedras e cocktails Molotov, de que resultaram pelo menos 11 agentes feridos.
Cerca de 300 estudantes, alguns com máscaras, paus e machetes, foram reforçados por alguns dos pais dos desaparecidos quando marchavam para o aeroporto, antes de a polícia os pretender bloquear.
Os protestos de hoje sucedem-se a violentos confrontos ocorridos no sábado na capital do Estado de Guerrero, Chilpancingo, e do país, Cidade do México, depois de as autoridades terem anunciado que suspeitos de integrarem um grupo de traficantes de droga tinham confessado a morte dos 43 estudantes e a incineração dos seus cadáveres.
Aqueles protestos incluíram ataques a edifícios públicos em Guerrero e a queima da porta do Palácio Nacional, que é a sede do governo mexicano.
O porta-voz do governo, Eduardo Sanchez, disse que Pena Nieto está "verdadeiramente magoado" pela tragédia dos estudantes de Ayotzinapa, mas que não podia perder a oportunidade de promover os investimentos no país durante a sua viagem à China e Austrália.
Em 26 de setembro, três estudantes da Escola Normal de Ayotzinapa, no Estado de Guerrero, no sul do México,e outras três pessoas foram assassinadas a tiro, por polícias municipais, presumivelmente por ordem do então autarca de Iguala, José Luis Abarca.
Na altura, os polícias detiveram outros 43 jovens, entregando-os depois a membros do cartel Guerreros Unidos, que os mataram e queimaram os corpos, mantendo acesa uma fogueira durante mais de 14 horas, para evitar que deixassem rasto, segundo o testemunho dos autores materiais do crime, que foi divulgado pelas autoridades.
Os investigadores encontraram restos de ossos e cinzas numa lixeira do município de Cocula, vizinho do de Iguala, onde os corpos foram queimados, bem como em um dos oito sacos que foram lançados ao rio pelos criminosos, os quais vão ser agora analisados por um laboratório na Áustria.