AEP contra ligação Porto-Lisboa por Alcochete
"Não nos revemos de maneira nenhuma na posição da CIP. Não faz sentido nenhum ir a Alcochete e depois ao Porto", disse à agência Lusa José António Barros.
\tO presidente da AEP salientou que 90 por cento dos passageiros da linha-férrea Lisboa-Porto viaja de uma cidade para a outra, pelo que o traçado do TGV deve ligar directamente as duas cidades, sem obrigar a um desvio pelo futuro aeroporto.
\t"A ligação entre Lisboa e Porto tem de ser directa. Qualquer coisa ao contrário é um disparate de lesa pátria. É subalternizar o Porto", frisou, sublinhando que a passagem por Alcochete obriga a um desvio de 40 quilómetros.
\tPara José António Barros, "o traçado Lisboa-Madrid é que deve passar por Alcochete, é o que faz sentido".
\t"Isto não tem nada a ver com investimento. É uma falácia. Não estamos a analisar o custo de investimento, mas sim o custo de exploração", realçou.
\tJosé António Barros afirmou que "é atirar areia para os olhos dos portugueses" estar a centrar a discussão no custo da obra e não no custo de exploração.
\t"Dizia ontem [terça-feira] o Presidente da República, e muito bem, que em qualquer matéria se deve analisar o custo e o benefício", salientou.
O presidente do grupo parlamentar do PSD, Paulo Rangel, prometeu terça-feira uma "guerra sem quartel" ao traçado previsto do TGV, considerando-o "totalmente irracional" por passar na Ota e com entrada em Lisboa pela margem Norte do Tejo.
O traçado da alta velocidade ferroviária Lisboa-Porto foi o assunto em debate terça-feira numa audiência dos deputados do PSD Paulo Rangel e Pedro Duarte com o presidente da Confederação da Indústria Portuguesa (CIP), Francisco Van Zeller, que recentemente afirmou que o Governo optou por uma solução "absurda" e "inexplicavelmente" mais cara.
Na semana passada, o PSD também condenou o projecto e citou um estudo da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento do Transporte Ferroviário (ADFER) para acusar o Governo de "optar por um traçado que custa mais mil milhões de euros do que o traçado alternativo pela margem Sul".
Após o encontro com o presidente da CIP, Paulo Rangel reiterou as críticas, afirmando que "não é a primeira vez que o Governo se engana redondamente e não faz os trabalhos de casa e prejudica o país desta maneira, a seis meses das eleições", comparando o processo do TGV ao da escolha da localização do novo aeroporto de Lisboa.
O PSD considera que o traçado previsto é "totalmente irracional" e questiona: "como é que, tendo mudado o aeroporto de lugar [da localização inicialmente prevista da Ota para Alcochete] o traçado do TGV continua a passar na Ota?".
Para a bancada social-democrata, "não se justifica que o país gaste mil milhões de euros para poupar um ou dois minutos", diferença permitida pela entrada pela margem direita (Norte).
O PSD promete "uma guerra sem quartel" e defende que o governo "deve ser chamado à pedra", nomeadamente com a presença "dos responsáveis" no Parlamento para "explicarem por que é que querem gastar mais mil milhões de euros" num traçado que "condiciona por completo a vida em Lisboa" e comporta "um conjunto de erros com consequências gravíssimas".
Paulo Rangel desvalorizou os dados da RAVE (Rede Ferroviária de Alta Velocidade), considerando que a empresa tem "posições condicionadas" e baseadas "nos seus estudos insuficientes".
Na semana passada, a RAVE afirmou que a opção de entrada na capital pela margem direita (Norte) é a "solução melhor, mais barata e mais funcional", traduzindo-se num "benefício de 360 milhões de euros" face à opção pela margem esquerda (Sul).
O PSD reiterou que "o investimento no TGV deve ser suspenso por agora", privilegiando-se "os investimentos de proximidade".
"Ainda estamos a tempo de fazer uma escolha acertada e que não comprometa as gerações futuras", sustentou Paulo Rangel.