Advogado de dirigentes catalães quer ouvir rei Felipe
Jordi Pina, o advogado de Jordi Sànchez, Jordi Turul e Josep Rull, pediu mais uma vez ao rei Felipe VI e ao antigo presidente da Catalunha Carles Puigdemont para serem testemunhas.
Embora tenha dito que não queira "importunar" o monarca, Pina argumentou que o seu testemunho é necessário porque o discurso de 3 de outubro de 2017 de Felipe faz parte da acusação do Ministério Público. Quanto a Puigdemont, que o Tribunal Supremo se recusou a citar por estar em fuga e por ser acusado de rebelião no mesmo caso, Pina entende que seu testemunho em videoconferência pode "incomodar" o tribunal, mas lembra que não foi a defesa quem retirou o pedido de extradição, mas sim o juiz Pablo Llarena. "Ninguém compreende que não compareça o senhor Puigdemont", disse o causídico.
Jordi Pina começou por pedir que o julgamento não seja realizado no Tribunal Supremo para que os arguidos tenham direito a uma segunda instância e a uma "proteção judicial efetiva". Depois questionou a imparcialidade do coletivo que vai julgar os dirigentes. "O meu apelo vai no sentido de se presumirem magistrados e não heróis nacionais", declarou, para pouco depois reiterar: "Peço-vos que sejam juízes e não salvadores da pátria".
Pina fez uma alusão ao facto de que quatro dos sete juízes que compõem o coletivo, incluindo o presidente Manuel Marchena, terem admitido dado procedência à denúncia de rebelião do Ministério Público com a qual o processo teve início. Na opinião do advogado, o tribunal perdeu a aparência de imparcialidade. Também ficou no ar um remoque ao facto de o porta-voz do PP no Senado, Ignacio Cosidó, ter regozijado sobre o facto de aquele partido poder controlar "pela porta das traseiras" a câmara que julga os dirigentes secessionistas. Essas mensagens acabaram por se tornar públicas e o magistrado Marchena renunciou à presidência do Conselho Geral do Poder Judicial.
Antes, o advogado de Oriol Junqueras e de Raül Romeva, Andreu Van den Eynde, fez uma intervenção de quase duas horas, tendo terminado com o pedido de libertação dos presos. Antes acusou o processo de "atentar contra a dissidência política" , algo que, alega, a própria Constituição proíbe. Para o advogado, os seus arguidos e o resto dos acusados querem exercer o direito da autodeterminação dos povos pacificamente, disse ele, e "este processo proíbe o desenvolvimento dessa ideologia legítima".
O Ministério Público pediu penas que vão até 25 anos de prisão contra os acusados, por delitos de rebelião, sedição, peculato e desobediência na sequência do referendo à independência da Catalunha de 1 de outubro de 2017. Nove dos 12 arguidos estão em prisão preventiva há mais de um ano.