Advogado de alegado etarra pensa processar polícia

A defesa de Andoni Fernandez, alegado etarra que hoje começou a ser julgado nas Caldas da Rainha, admite processar judicialmente um chefe da PSP acusando-o de contradições no testemunho ao tribunal.
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"No entender da defesa, as declarações prestadas por essa testemunha [Eduardo Firmino], em sede de audiência e em sede de inquérito, revelam patentes contradições e são passíveis de consubstanciarem a prática de crime de falsidade de depoimento", afirmou José Galamba, advogado de Andoni Fernandez no final da audiência.

Eduardo Firmino, chefe da PSP das Caldas da Rainha e morador na casa ao lado da vivenda da Avarela, disse hoje ao tribunal reconhecer Andoni Fernandez como um dos moradores da vivenda onde em Fevereiro de 2010 foram descobertos 1500 quilos de explosivos.

A testemunha disse ao tribunal que o arguido se encontrava "mais magro", mas afirmou que "em princípio" seria a pessoa que residiu na vivenda, identificando-o numa das fotografias constantes do processo.

Considerando que o depoimento apresentava "uma evidente contradição" com as declarações do agente da PSP, quando interrogado pela Polícia Judiciária (PJ), em Fevereiro de 2010, o advogado de defesa, José Galamba, pediu a confrontação da testemunha com as declarações anteriores.

O colectivo de juízes deferiu o requerimento e Eduardo Firmino foi confrontado com as declarações em que afirmava ter visto mais vezes o outro morador da casa, Oier Gomez Mielgo, e tendo na altura afirmado que não conseguia sequer fazer a descrição física de Andoni Fernandez.

Para além do chefe da PSP e vizinho dos alegados etarras, o tribunal ouviu esta manhã nove das 36 testemunhas arroladas pela acusação, entre as quais dois mestres florestais da Lousã, onde, segundo a acusação, Andoni Fernandez e Oier Mielgo terão vivido antes de alugarem a casa de Óbidos.

Duas funcionárias e a proprietária das imobiliárias através das quais foram alugadas as casas da Lousã e de Óbidos foram outras testemunhas ouvidas pelo colectivo durante a sessão, em que foi igualmente conhecido o testemunho do proprietário do veículo alegadamente furtado em Castelo Branco e em que se fariam transportar os dois bascos quando não pararam numa operação stop, o que levou à fuga apressada da vivenda e à descoberta dos explosivos.

"Sou uma vítima deste processo", afirmou José Sanches, queixando-se do estado em que lhe foi devolvida a carrinha Berlingo que havia sido furtada quatro dias depois de adquirida por 2.500 euros.

"Ficou toda estragada, cheia de riscos e com os quatro pneus todos carequinhas", afirmou o proprietário da viatura, que esteve desaparecida durante um ano e que, segundo José Sanches, terá percorrido cerca de 48 mil quilómetros nesse período.

A audiência foi interrompida para almoço às 13:10 e deverá recomeçar às 14:00.

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