Acusação de 'sovinice' choca EUA
Os americanos estão ofendidos. O norueguês Jan Egeland, o responsável pelo departamento da Ajuda Humanitária da ONU, ousou dizer que os EUA são «sovinas» em matéria de solidariedade internacional e que isso terá ficado, mais uma vez, demonstrado com a tragédia no sudeste asiático.
Uma acusação que gerou um tsunami de protestos indignados, sobretudo por parte dos analistas republicanos (os democratas continuam a sublimar a derrota de John Kerry nos editoriais verrinosos do New York Times), com dificuldade crescente em esconder os seus sentimentos negativos em relação à ONU.
Egeland apenas se cingiu ao montante avançado pelos EUA - 350 milhões de dólares - e aos valores da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Económico, que colocam Washington na cauda da generosidade internacional, mas, de imediato, vozes se levantaram para descodificar o que estará por detrás dos números. Por exemplo, Bruce Bartlett, do Centro Nacional de Análise Política, não podia ser mais ácido nos seus comentários. Escreveu «Os EUA carregam grande parte do mundo às costas, dando a outras nações segurança, ajuda e larga parte dos seus investimentos. E também pagam um quarto do total dos salários dos burocratas da ONU.» Burocratas «ingratos», pois. Não se ficando por aqui, Bartlett adianta que no «país das oportunidades», uma coisa é o dinheiro do Governo, outra, bem diferente, é a generosidade da população. Que, neste particular, pede meças a qualquer outra: «Em 2003, a ajuda de particulares ascendeu a 8,6 mil milhões de libras no Reino Unido, o correspondente a 0,8% do Produto Interno Bruto. Em comparação, foi de 241 mil milhões de dólares nos EUA - 2,2% do PIB.»
Outra analista, Carol Adelman, considera que «contabilizar apenas o apoio externo do Governo é uma maneira limitada, ultrapassada e inexacta de medir a generosidade dos americanos».