Acidentes e cirurgias são situações de risco

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As cirurgias, sobretudo a oncológica, e os acidentes, em especial os de viação, são as situações clínicas que mais recorrem a transfusões de sangue. Mas, enquanto no primeiro caso se pode programar a transfusão e pedir doações a familiares e amigos do doente, no segundo, utiliza-se obrigatoriamente os lotes existentes nas urgências hospitalares. Tanto quanto o DN apurou, a maioria das unidades hospitalares são autosuficientes, à excepção de períodos de maior escassez, como acontece actualmente.

Uma forma de compensar o sangue usado numa transfusão é a autotransfusão (ou transfusão autóloga), em que o doador é o próprio doente e em que se faz uma colheita pré-operatória. A aférese é outro dos métodos utilizados e consiste na obtenção de um ou mais componentes sanguíneos através de processamento de sangue numa máquina. Os componentes residuais de sangue são devolvidos ao dador durante o processo ou após a sua conclusão.

O sangue será posteriormente administrado, durante ou após a cirurgia. A pessoa em causa deve estar em bom estado de saúde e pode ser realizada em qualquer idade. Os doentes com anemia, doença cardíaca ou doenças infecciosas não podem integrar um programa de autotransfusão.

Emergência

Os técnicos do Instituto Nacional de Emergência Médica não administram sangue quando são chamados a socorrer os doentes, até porque não estão equipados para fazer análises sanguíneas.

Em emergência médica, a perda de sangue é compensada com alguns soros e fármacos.

Doenças

A hemofilia e o lúpus são as patalogias mais nocivas para o sangue. No caso dos doentes hemofílicos, estes são tratados com concentrados de derivados do plasma humano ou produtos recombinantes (feitos por engenharia genética). São estes os casos em que Portugal necessita de fazer compras no estrangeiro, nomeadamente na Austrália (derivados do plasma) e aos Estados Unidos (recombinantes).

É ao Instituto Nacional da Farmácia e do Medicamento cabe a tarefa de analisar todos os lotes comprados no estrangeiro antes de serem libertados para o mercado.

O lúpus é uma doença crónica, auto-imune, e que causa inflamações em várias partes do corpo, especialmente na pele, juntas, sangue e rins.

Autoridade

Compete à Autoridade para os Serviços de Sangue e Transplante (ASST) fiscalizar os serviços de sangue, a qualidade e segurança da dádiva, colheita, análise, processamento, armazenamento e distribuição do sangue humano e de componentes sanguíneos. Tem também a responsabilidade de intervir, em situações de crise e de esgotamento das reservas, o que deve ser bem avaliado e controlado, segundo disse ao DN a vice-presidente da ASST, Alice Cordeiro.

A colheita em excesso pode ser prejudicial porque pode levar aos desperdício de sangue, uma vez que este não deve estar armazenado mais de 42 dias. E, no caso do plasma, o prazo de conservação é de apenas cinco dias, explica Alice Cordeiro. É por esta razão que a ASST não foi chamada a intervir até ao momento.

Crise

Os responsáveis portugueses pela gestão dos lotes de sangue (Instituto Português do Sangue e ASST) garantem que dificilmente haverá uma situação de ruptura dos stocks no País, mesmo que aconteça um acidente que envolva um número excepcional de vítimas. Por exemplo, no caso de haver um desastre de comboio que envolva 200 pessoas e que mais de um centena delas necessite de uma transfusão de sangue em tempo recorde, as reservas actuais poderiam dar resposta à situação.|

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