ACAP. Limite nos incentivos aos carros elétricos deve acabar
Sem limite de número de carros e de orçamento. A Associação do Comércio Automóvel de Portugal (ACAP) alerta que é necessário aumentar os incentivos à compra de automóveis elétricos para reduzir as emissões de CO2. "Queremos acabar com o limite dos incentivos só para os primeiros mil carros elétricos vendidos em Portugal e negociar um montante superior de apoio", defendeu ontem o secretário-geral da ACAP, Helder Pedro. A haver um limite, "este deveria ser alargado a pelo menos às primeiras duas mil unidades vendidas". E o apoio por carro deveria "aproximar-se dos 3500 euros", em vez dos atuais 2250 euros, sugere em declarações ao DN/Dinheiro Vivo. Em Espanha, por exemplo, os incentivos à compra de carros elétricos variam entre os 5000 e os 18 mil euros (veículos pesados).
A ACAP prevê que, com mais ou menos incentivos, as vendas de carros elétricos voltem a crescer este ano "em torno dos três dígitos", devido à maior oferta do mercado e ao reforço da rede pública de carregadores e supercarregadores. No ano passado, foram vendidos 1640 automóveis totalmente elétricos, mais 117%.
Os incentivos à compra de carros elétricos foram retomados no ano passado pelo governo, através do Fundo Ambiental, e passaram a ser atribuídos diretamente, sem necessidade de abater um veículo antigo, a particulares e a empresas. Além dos automóveis, os apoios para compra de carros serão estendidos este ano às motos, no valor de 400 euros ou de 20% do valor de aquisição, anunciou José Mendes, secretário de Estado da Energia.
Os carros elétricos beneficiam também da isenção do imposto pago na aquisição do veículo (ISV) e estão dispensados do pagamento do imposto de circulação (IUC). Pode ainda recarregar a bateria do veículo gratuitamente enquanto não é iniciada a cobrança pela utilização dos postos de carregamento da rede Mobi.e. Num Renault Clio - o modelo mais vendido em Portugal -, apesar do custo de aquisição mais baixo, paga 4,74 euros a cada 100 quilómetros.
A ACAP também quer que o governo retome os apoios ao abate para os carros mais antigos, tendo em conta a idade média elevada - 12,5 anos - do parque automóvel de carros ligeiros em território nacional. "Quando a idade média do parque automóvel ultrapassa os 10 anos considera-se que este está envelhecido e que é necessário tomar medidas para o rejuvenescer", recordou Helder Pedro.
O Estado, com esta medida, pode arrecadar mais de 75 milhões de euros em receitas fiscais, numa altura em que por toda a Europa se discute o problema das emissões dos automóveis. "Se o programa abranger, por exemplo, 25 mil carros, o Estado gasta 22 milhões de euros com os incentivos mas recebe, em troca, 100 milhões de euros, através das receitas do ISV, IVA e IUC. Lucrava mais de 75 milhões", segundo os cálculos da associação que representa as marcas e concessionários de automóveis.
Mesmo sem incentivos ao abate, as vendas de automóveis deverão continuar a crescer este ano, ainda que bem mais devagar. "Considerando os indicadores macroeconómicos, tudo indica uma estabilização do mercado", antecipa José Ramos, vice-presidente da ACAP. O "ajustamento do segmento de rent-a-car à procura turística" deverá ser compensado por uma "maior recuperação nas vendas de veículos comerciais", devido à melhoria das condições para as empresas. Em suma, o mercado automóvel deverá aumentar 1% a 2% este ano; em 2017 venderam-se 247 mil carros, no valor de 14,4 mil milhões de euros.