Acácio Pereira: "O país está na moda e o governo tem de por também o SEF na moda
O que tem o SEF a ver com a Economia?
Muito. Neste momento grande parte da economia baseia-se no turismo. Mas não nos podemos esquecer que em parte essa mais valia se deve ao facto de termos segurança. Obviamente que importa mantê-la e com um nível de produtividade e desempenho que permitam aos turistas querer voltar. Todos os serviços da administração pública devem dar resposta às necessidades da sociedade. O SEF precisa ultrapassar este problema da falta de pessoal que possam permitir controlos rápidos e um acompanhamento adequado dos cidadãos estrangeiros em território nacional. O facto de haver menos estrangeiros residente não significa que não haja mais a entrar e a sair, muito mesmo que o risco seja menor. O contributo SEF é por isso fundamental para a economia. O país está na moda e o governo tem de por o SEF também na moda.
A primeira impressão de Portugal que tem um turista que chega ao aeroporto de Lisboa são esperas filas intermináveis para o controlo do SEF. Porque não se resolve este problema?
A razão essencial é mesmo a falta de inspetores suficientes para acompanhar o aumento grande de passageiros que se tem verificado. A juntar a isto, temos um aeroporto mal estruturado, com 70% de área comercial. Só há duas zonas para o controlo de passageiros, nas chegadas e nas partidas. Todos os voos passam por uma única sala. Os voos de risco Shengen têm um tempo médio de controlo muito superior aos outros. Antes da renovação do aeroporto, há cerca de sete anos, havia duas áreas de entrada e conseguíamos repartir os passageiros de acordo com a origem. Por outro lado, não há uma repartição dos voos controlados ao longo do dia. Há grandes picos em certos períodos do dia, principalmente no início da manhã.
O presidente da ANA - Aeroportos de Portugal ( Ponce de Leão) não está entre os convidados da conferência porquê?
Procurámos convidar pessoas que nos permitisse ter uma discussão o mais aberta possível. Vamos ter o presidente da TAP, os presidentes das câmaras de Sintra e Cascais, por exemplo, com uma grande ligação ao turismo. Convidámos o presidente da ANA, mas não nos respondeu...
No ano passado o sindicato reivindicava mais 200 inspetores para poder garantir a segurança nas fronteiras. Quais são as contas neste momento?
Esses 200 inspetores, mais do que imprescindíveis, são urgentes. A necessidade aumentou. Neste momento um quadro total de inspetores com qualquer número inferior a mil é pouco. Temos de ter presente que temos uma carreira muito envelhecida e vamos começar a perder bastantes elementos dos mais antigos, mais de 200 inspetores em três, quatro anos, saídas têm de ser compensadas.
Faz sentido o país ter uma polícia exclusivamente para tratar os crimes relacionados com imigrantes e estrangeiros?
Faz todo o sentido ter uma polícia especializada, uma polícia de imigração integral como é o SEF. Nos tempos conturbados que vivemos, em toda a Europa se está a olhar para o modelo português e a estudar as suas qualidades. Sem uma verdadeira política europeia para a imigração e fronteiras, com cada estado a lidar com o problema à sua maneira, sem um serviço europeu de imigração e fronteiras, feito a partir das polícias especializadas de cada país, sem a difusão de competências técnicas e operacionais em toda a Europa, os perigos da insegurança vão dominar o futuro da União Europeia. Se a Europa continuar adormecida neste capítulo, transmitindo a falsa ideia de que está tudo bem, vamos ter surpresas desagradáveis.