Acabem com a lamechice das velas e "je suis..."

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O simbolismo fácil já não aborrece. Aquilo de marchar batendo tambores e a tocar gaita-de-foles, que serviu aos britânicos para se galvanizar e ganhar batalhas, já ninguém usa. Justamente, deixou de ser útil. O ato simbólico é como os iogurtes, tem prazo de validade. E aqui chego ao que venho: não ponham velinhas por mais um atentado. Às tantas já nem sabemos se é para saudar o atentado ou para o criticar. Não serve para nada. O "je suis..." foi outro derrotado. Dizer que se é "belge" até ofende metade deles, que o são, mas gostam que se diga em flamengo. A "foto símbolo", então, é de acabar de vez. Apanha as vítimas em situação de derrotadas - e isso é precisamente o que não se deve mostrar. Concluindo: atos simbólicos só os proativos, não os lamechas. E até podem ser a chorar, logo que combatentes. Quando dos atentados em Bruxelas, a chefe da diplomacia da União Europeia, a italiana Federica Mogherini, estava na Jordânia. Em público e recebida pelo ministro jordano dos Estrangeiros, chorou e encostou-se a dele. Ele hesitou (não queria ofender alguns beduínos), mas lá lhe ofereceu o ombro. Uma lição! No próximo atentado (que vai haver), espero que a Mogherini seja enviada a Riade e se mostre a chorar no ombro do rei saudita, Salman bin Abdulaziz. O general MacArthur só considerou que ganhou ao Japão quando obrigou o imperador Hirohito a ser fotografado ao seu lado. Os simbolismos só valem a pena quando são úteis.

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