Abu Mazen contestado por radicais

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A campanha eleitoral para a presidência da Autoridade Palestiniana (AP), que começou no sábado, está a ser marcada por intensa polémica entre o líder da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), Mahmud Abbas (Abu Mazen), e os sectores mais radicais dos grupos fundamentalistas. As eleições realizam-se a 9 de Janeiro.

O chefe da Al-Qaeda, Ussama ben Laden, contribuiu entretanto para aumentar a controvérsia. A televisão Al-Jazeera divulgou uma mensagem áudio atribuída a Ben Laden onde este apela a uma insurreição palestiniana contra Israel, «até que a sua terra [dos palestinianos] esteja liberta dos infiéis». Na cassete, o dirigente terrorista classifica Mazen de «apóstata». Ben Laden também afirma que as eleições são uma «blasfémia».

Abu Mazen apelou ao fim da luta armada nos territórios ocupados, para permitir o retomar das negociações de paz com Israel. Estas declarações irritaram os radicais palestinianos e parte da opinião pública. Mahmud Zahar, um dos líderes do Hamas, afirmou ontem ao jornal egípcio Al-Ahram que o seu movimento rejeita a «desmilitarização» da Intifada. Zahar acredita que as declarações de Mazen são uma forma de o candidato «se vender ao Ocidente».

Mas o líder da OLP também defendeu a unidade dos palestinianos contra a permanência dos israelitas nos territórios ocupados. O candidato da Fatah - partido de Yasser Arafat - iniciou em Jericó uma acção de campanha que o levará a cidades da Faixa de Gaza e da Cisjordânia. O favorito nas presidenciais apontou «a ocupação, as restrições, o muro do apartheid, a opressão, as matanças e os assassínios» como os grandes inimigos do povo palestiniano.

Recordando a aproximação do quadragésimo aniversário do movimento de libertação - iniciado em 1965, quando a Fatah, comandada por Arafat, realizou o primeiro ataque no Norte de Israel - Mazen afirmou que «a nossa revolução não terminará enquanto os seus objectivos [de Arafat] não estiverem cumpridos».

Perante os militantes da Fatah, Mazen fez o elogio do líder histórico e garantiu que «a lembrança de Abu Amar [nome de guerra de Arafat] permanece no nosso coração e continuaremos a seguir o caminho que ele traçou». Segundo disse o candidato, o povo da Palestina só terá descanso quando «a bandeira palestiniana for içada sobre os muros, as mesquitas e as igrejas de Jerusalém».

O comício do líder da OLP em Jericó deu início à fase da campanha no Norte da Cisjordânia. Hoje, Mazen é esperado em Tulkarem e Kalkiliya e amanhã estará em Jenin. Entre sexta e segunda-feira, o candidato da Fatah fará campanha na Faixa de Gaza, antes de voltar à Cisjordânia, na próxima semana. A visita a Jerusalém Oriental está marcada para as vésperas da votação. As eleições de dia 9 serão as segundas que se realizam para a presidência da Autoridade Palestiniana (AP). Em 1996, Arafat venceu, com 88% dos votos.

Segundo a lei eleitoral palestiniana, a campanha deve começar 22 dias antes da data do escrutínio e terminar 24 horas antes. O Governo israelita comprometeu-se a facilitar a movimentação de candidatos, organizadores e eleitores no dia da votação e retirar as suas tropas das grandes cidades da Cisjordânia. Apesar disso, dois dos candidatos palestinianos foram detidos, e entretanto libertados, por Israel.

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