Abstenção histórica nas presidenciais de Cabo Verde

Previsão de abstenção no arquipélago nacional ronda os 60%. A confirmar-se, será a mais elevada de sempre. Presidente cessante em clara vantagem.
Publicado a
Atualizado a

Uma taxa de abstenção de 60% marcou a primeira volta das eleições presidenciais em Cabo Verde, tendo-se verificado situações em que 75% dos inscritos não compareceram nas assembleias de voto.

A confirmar-se, será a maior taxa de sempre. Até agora a mais alta abstenção ocorreu na eleição de 1996 (56,47%), quando António Mascarenhas Monteiro concorreu sozinho.

Além de do presidente cessante, Jorge Carlos Fonseca, apresentaram-se ainda mais dois candidatos, Albertino Graça, considerado próximo do PAICV mas sem o apoio direto, e Joaquim Jaime Monteiro, que o fez pela segunda vez consecutiva e que se define como "combatente pela liberdade da pátria". Apenas o partido hoje no poder e que detém também a grande maioria da governação autárquica, o MpD, declarou o apoio formal à candidatura de Carlos Fonseca.

Os primeiros resultados apurados davam Jorge Carlos Fonseca com 53 599, seguido de Albertino Graça, com 16 569, e Joaquim Monteiro com 2370.

O facto de estas serem as terceiras eleições no espaço de oito meses - houve legislativas em março e autárquicas em setembro - associado ao favoritismo da candidatura do presidente cessante, ajuda a explicar o sucedido. Um terceiro factor, ontem referido em alguns media cabo-verdianos, era o de a "farta azágua" - ou seja, a forte pluviosidade que tem marcado as condições meteorológicas no arquipélago - contribuiu também para manter os eleitores em casa. Em diferentes pontos havia povoações isoladas devido a cheias.

De modo geral, os níveis de votação ficaram "muito abaixo dos registados nas duas eleições anteriores", afirmou ao jornal A Semana o elemento de uma assembleia de voto da cidade da Ribeira Grande. Informação veiculada pela agência Lusa, citando dados colhidos em diferentes assembleias de voto, apontava para "níveis elevadíssimos" de abstenção, nas palavras de um dos membros de uma mesa de voto.

Mesmo na diáspora, a taxa de abstenção alcançou valores muito elevados, cifrando-se em cerca de 70%. No total, estavam inscritos 361 206 eleitores, dos quais 47 133 no estrangeiro.

O ato eleitoral decorreu em "absoluta normalidade", segundo fontes das forças de segurança citadas nos media locais.

[artigo:5419612]

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt