Abramovich admite que fez fortuna à base de subornos

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Rússia. 'Times' revelou conteúdo do documento judiciário de defesa do milionário russo

Empresário recusa dar mais dinheiro ao compatriota Berezovski

O proprietário do clube de futebol Chelsea, Roman Abramovich, admitiu pela primeira vez que fez fortuna à custa da compra de favores políticos e da influência de velhos oligarcas próximos do Kremlin. O multifacetado milionário russo, de 41 anos, conta tudo num documento judiciário que preparou para a sua defesa no litígio que o opõe ao seu compatriota Boris Berezovski e cujo conteúdo foi revelado pelo jornal Times.

Abramovich assume que pagou a "velhos oligarcas para obter uma parte importante dos recursos do petróleo e do alumínio da Rússia e para sair incólume do desmantelamento sangrento pós-comunista". O mediático homem de negócios russo, que vive entre Moscovo e Londres, explica como, a partir do nada, acumulou em poucos anos uma fortuna avaliada em 14,3 mil milhões de euros.

Berezovski acusa Abramovich de o ter obrigado a vender a um preço subavaliado a sua participação no canal de televisão ORT, na companhia petrolífera Sibneft e no grupo de alumínio Rousski Alumini. Abramovich reconhece que pagou ao compatriota pela sua influência junto do ex-presidente Boris Yeltsin, com o objectivo de ficar com a Sibneft, aquando da privatização em 1995. Mas acusa Berezovski e o oligarca georgiano Badri Patarkatsichvili de lhe terem exigido mais dinheiro.

O patrão do Chelsea diz que pagou a Berezovski 175 milhões de dólares (111 milhões de euros) pela sua participação na televisão e, em 2001, deu-lhe mais 1,3 mil milhões de dólares (8,3 mil milhões de euros). Quanto ao georgiano, falecido este ano, Abramovich diz ter-lhe pago 585 milhões de dólares (372 milhões de euros) pela sua protecção. O milionário diz que acreditava que este era o último pagamento aos dois, "para que deixassem de se associar publicamente a ele e aos seus interesses", mas parece ter-se enganado.

Multifacetado, Abramovich foi até agora governador da região russa de Tchoukotka, mas deixou de o ser esta semana depois de o novo Presidente russo, Dmitri Medvedev, ter aceite a sua demissão do cargo. O milionário, que soube sobreviver, ao contrário de Mikhail Khodorkovski, o ex-patrão da pertolífera Ioukus, vira este pedido várias vezes rejeitado por Vladimir Putin.|

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