Abertura de hipers ao domingo não criou emprego
"Até agora, não vimos nenhum sinal evidente de recuperação de postos de trabalho. A pergunta que fazemos ao Governo é: quais os postos de trabalho que foram criados?", afirmou Nuno Camilo, em declarações à Lusa.
De acordo com o responsável, no primeiro semestre de 2010 "encerraram 40 lojas de comércio tradicional por dia", ao passo que, "no segundo semestre, passaram a ser 50 lojas por dia".
Com base no "cruzamento de dados" do Instituto Nacional de Estatística e de "informação das associações e confederações", Nuno Camilo conclui que "não existe nenhum indicador de que tenha aumentado o emprego".
O presidente da ACP refere, ainda, que "10 a 12 mil empresas de comércio encerraram em 2010" e que isso corresponde a "10 a 12 mil empregos que se perderam e que não são contabilizados", porque "os sócios-gerentes não são considerados para efeitos do desemprego".
O desemprego no comércio era, em 2008, "de 37 mil desempregados" e, no "terceiro trimestre de 2010, era de 97 mil desempregados", observa o responsável.
"Estes dados acompanham a construção de grandes superfícies e o que constatamos é que não houve repercussões em termos de emprego. Isso é um factor alarmante neste momento", sublinhou.
Lembrando que a ACP sempre considerou que a decisão de liberalizar os horários "não ia gerar empregos" e "só ia criar um fosso maior entre as pequenas e médias empresas e as grandes superfícies", Nuno Camilo considera que o tempo lhe veio dar razão. Para o responsável, a liberalização dos horários das grandes superfícies, aprovada em Conselho de Ministros a 22 de julho de 2010, foi "das mais gravosas que foi tomada" para o comércio tradicional.