Abengoa. A derrocada prevista por um rapaz de 17 anos

A análise às contas da gigante espanhola das energias renováveis foi feita para um trabalho de economia do colégio, meses antes da empresa revelar que estava em insolvência
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Tinha apenas 17 anos e estava a terminar o bacharelato quando fez um trabalho para a disciplina de economia onde tinha de analisar uma grande empresa espanhola cotada em bolsa. Da lista dada pelo professor, Pepe Baltá, estudante de Barcelona, escolheu a Abengoa, um gigante das energias renováveis com grande expansão internacional. Pepe olhou para as contas de 2012 e 2013 e ficou surpreso com o que viu. Pouco capital, muito passivo e lucros negativos que se transformavam em positivos. Olhou, escreveu e diagnosticou o que a consultora multinacional que analisa as contas da empresa aparentemente não viu e que se concretizou meses depois: a derrocada da Abengoa, que anunciou estar em insolvência.

Hoje Pepe está no primeiro ano do curso de medicina, o seu grande sonho profissional: ser pediatra ou traumatologia. Até há poucas semanas estava longe de imaginar que o trabalho para o Colégio Viaró, da Opus Dei onde estava a fazer o bacharelato, foi um prognóstico certeiro de um doente que se desconhecia estar em estado moribundo. "Fiquei muito surpreso ao ver que o que escrevi realmente aconteceu. Só tenho conhecimento escola secundária básica da economia e contabilidade", disse o jovem numa entrevista ao jornal espanhol 'El Mundo'.

Ao olhar para os relatórios de contas, disponíveis no site da empresa, Pepe Baltá - que é uma apaixonado por desporto, sobretudo basquetebol e karaté - disse ter ficado surpreendido por ver que os lucros negativos foram sendo convertidas em positivos. "Não entendia como o podiam fazer", disse, acrescentando que "havia muito empréstimo para o que Abengoa podia pagar e poucos ativos para um grande passivo".

Conclusão: "A Abengoa tem um forte risco de entrar em situação de insolvência". O conselho: "Tentar de alguma forma aumentar o património ou conseguir financiamento externo e tentar reduzir o passivo, renegociando a dívida com os fornecedores, para não ter problemas de insolvência", apontava no estudo que entregou ao professor de economia e que lhe valeu um dez, a nota máxima.

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