Abandonos e prémios, a polémica do momento em Wimbledon
As oito desistências na primeira ronda de Wimbledon reabriram o debate sobre se os tenistas limitados fisicamente devem ser obrigados a entrar no court para receber o prémio de participação - no caso do Grand Slam falamos de 40 mil euros na ronda inaugural.
Na terça-feira assistiu-se a um estranho fenómeno no torneio de ténis mais antigo do mundo, com um total de oito desistências (sete no quadro masculino; uma no feminino, a maior percentagem desde a era Open, 1968). Roger Federer foi um dos beneficiados, ao ver o ucraniano Alexandr Dolgopolov abandonar (alegou dores num joelho) o jogo numa altura em que suíço vencia por 6-3 e 3-0, ao fim de 43 minutos. Pouco tempo antes, no mesmo dia, Djokovic tinha vivido idêntica situação: Martin Klizan desistiu após 40 minutos de jogo. Menos de uma hora no court rendeu a cada um dos desistentes 40 mil euros, o prémio de participação na primeira ronda do Grand Slam, verba que só é paga caso os tenistas vão a jogo. Há por isso quem defenda que os regulamentos devem ser ajustados aos das provas ATP (a Federação Internacional de Ténis já está a estudar o assunto), que em janeiro estabeleceu que na primeira ronda de um torneio o jogador tem direito ao prémio monetário mesmo que não vá a jogo (duas vezes por ano e não de forma consecutiva). E mais. Nos torneios ATP, se um jogador não atuar por lesão ou prescrição médica, entra para o seu lugar um lucky loser, que neste caso só terá direito a prémio a partir da segunda ronda.
Novak Djokovic e Roger Federer defendem que esta é a solução: "Creio que desta forma, como nos ATP, os jogadores do quadro principal receberiam na mesma o prémio a que têm direito, mas sem a obrigatoriedade de terem de jogar limitados. Ao mesmo tempo, permitiria dar oportunidade a outros tenistas", argumentou o sérvio. "Quem sabe se no Grand Slam não deviam estudar esta hipótese? Se os jogadores sabem que não estão em condições não devem jogar", atirou o suíço, sete vezes vencedor de Wimbledon.
Favoritos sem dificuldades
Ontem houve mais uma desistência (Steve Darcis), que permitiu ao espanhol David Ferrer seguir para a terceira ronda, num dia em que os favoritos não tiveram grandes dificuldades. Novak Djokovic, que está na terceira ronda pelo nono ano consecutivo, superou o checo Adam Pavlasek, 136.º do ranking mundial em três sets, pelos parciais de 6-2, 6-2 e 6-1, em uma hora e 34 minutos. Na próxima ronda vai defrontar o letão Ernest Gulbis, 589.º, que superou o argentino Del Potro, 32.º, por 6-4, 6-4 e 7-6 (7-3).
Roger Federer também se apurou, ao derrotar o sérvio Dusan Lajovic, sem ceder qualquer set. Na terceira ronda vai medir forças com o alemão Mischa Zverev. No quadro feminino destaque para a eliminação da checa Karolina Pliskova, número três mundial, que perdeu com a eslovaca Magdalena Rybarikova, 87.ª do ranking. Finalista do último Open dos Estados Unidos e semifinalista em Roland-Garros, Pliskova foi surpreendida por Rybarikova, por 3-6, 7-5, 6-2, em duas horas e 19 minutos.