O britânico Geraint Thomas (INEOS), vencedor da Volta a França em bicicleta em 2018, chega à 106.ª edição, que arranca neste sábado, condicionado por uma queda, com o colega de equipa colombiano Egan Bernal em forma entre as principais ameaças. Depois de uma queda na quarta etapa da Volta a Suíça, o britânico chega à partida, em Bruxelas, com dúvidas sobre a capacidade que terá de discutir a vitória final, numa edição que homenageia o centenário do uso da camisola amarela..A ausência de Chris Froome, campeão em 2013, 2015, 2016 e 2017, aumenta os problemas para a INEOS, que ainda assim terá em Egan Bernal, vencedor na Suíça, uma opção para disputar a Grande Boucle ao longo de 3.480,3 quilómetros, até à chegada em Paris, no dia 28 de julho..Com o segundo classificado de 2018, o holandês Tom Dumoulin (Sunweb), também ausente por problemas físicos, a luta pela classificação geral pode passar pelo italiano Vincenzo Nibali (Bahrain Merida), vencedor da prova em 2014 e um de apenas sete ciclistas que já venceram as três grandes Voltas..O grupo de candidatos também passa pelos espanhóis Enric Mas (Deceuninck-Quick Step) e Mikel Landa (Movistar), mas também os franceses Romain Bardet (AG2R La Mondiale) e Thibaut Pinot (Groupama-FDJ), o britânico Adam Yates (Mitchelton-Scott) ou o colombiano Nairo Quintana (Movistar), outra aposta da equipa espanhola que venceu a Volta a Itália com o equatoriano Richard Carapaz e que leva a França o campeão mundial Alejandro Valverde..O dinamarquês Jakob Fuglsang (Astana), vencedor do Critério do Dauphiné, o holandês Steven Kruijswijk (Jumbo-Visma), o australiano Richie Porte (Trek-Segafredo) e o colombiano Rigoberto Urán (Education First) ou o colega norte-americano Tejay Van Garderen, segundo no Dauphiné, também não podem ser descartados do lote..Com perto de 55 quilómetros de contrarrelógio, metade dos quais por equipas, a 106.ª edição tem na montanha, e na alta montanha em particular, o espaço de maior destaque, com cinco chegadas em alto, a primeira à sexta etapa, em La Planche des Belles Filles..O Tourmalet volta a testar o pelotão, no 14.º dia, além de Val Thorens e do Col de l'Iseran, a mais alta subida pavimentada da Europa, marcada para a 19.ª etapa e que entra no mapa da prova apenas pela sétima vez, mas apenas a segunda pela vertente mais difícil, a sul..A classificação dos pontos tem este ano um interesse especial, uma vez que o eslovaco Peter Sagan (BORA-hansgrohe) regressa ao 'Tour' para tentar a sétima vitória da camisola verde, o que lhe permitiria desempatar com o alemão Erik Zabel pelo recorde absoluto na categoria..Sagan é o principal nome para os sprints na prova, que conta com vários velocistas capazes de o fazer 'suar', do italiano Elia Viviani (Deceuninck-Quick Step) aos australianos Caleb Ewan (Lotto Soudal) e Michael Matthews (Sunweb)..Outros nomes, como o francês Julian Alaphilippe (Deceuninck-Quick Step), vencedor de várias clássicas na temporada e também candidato à camisola de montanha ('polka dot'), que arrecadou em 2018, o norueguês Alexander Kristoff (UAE Emirates) e o holandês Dylan Groenewegen (Jumbo-Visma) poderão disputar a verde..Este ano a prova contará com três portugueses, com destaque para o regresso de Rui Costa (UAE-Emirates), campeão mundial em 2013 e tem no palmarés três vitórias no 'Tour', em 2011 e 2013..José Gonçalves em estreia e sem nervosismos.José Gonçalves (Katusha Alpecin) estreia-se e logo na primeira prova com a camisola de campeão português de contrarrelógio, à procura de uma vitória em etapa, com Nelson Oliveira (Movistar) em missão como gregário das ambições da equipa..A 106.ª edição da Volta a França em bicicleta arranca no sábado em Bruxelas, na Bélgica, onde passa as duas primeiras etapas, uma chegada prevista ao 'sprint' e um contrarrelógio por equipas, terminando em 28 de julho em Paris, em frente aos Campos Elísios..O nervosismo da estreia não afetou José Gonçalves (Katusha Alpecin), que estudou o mapa da 106.ª Volta a França em bicicleta e selecionou "três ou quatro" etapas para tentar vencer na sua primeira participação na prova francesa. José Gonçalves é um dos três portugueses que vai participar na edição do Tour deste ano, ao lado de Rui Costa e Nélson Oliveira..O novo campeão nacional de contrarrelógio teve de esperar pela sua sétima temporada no pelotão internacional - e a terceira na Katusha Alpecin - para estrear-se naquela que é a prova 'rainha' do calendário velocipédico, e, ainda assim, diante do momento mais impactante da vida profissional de um ciclista, garante não estar nervoso.."É uma corrida como as outras. É certo que o Tour é o Tour, há mais stress, mas corri as outras [grandes Voltas], sei o que é uma prova com 21 dias", desmistificou em declarações à Agência Lusa em Bruxelas, a cidade belga de onde arranca a 106.ª edição, que termina em 28 de julho, em Paris..O mais bem sucedido dos gémeos nascidos em Roriz, Barcelos, há 30 anos -- o outro, Domingos, corre na espanhola Caja Rural --, parte para a sua estreia na Volta a França com uma missão bem clara: ganhar uma etapa. "Tentarei fazer o meu melhor e ter um dia bom, para vencer uma etapa. Esse é um dos meus objetivos aqui no Tour. Se eu vencesse uma etapa aqui, iria ficar muito contente. Vou tentar dar o meu melhor: se conseguir, melhor, se não, é continuar a trabalhar", resumiu o ciclista que já alinhou em quatro 'vueltas' (Espanha) e em dois 'giros' (foi 14.º classificado na prova italiana em 2018)..Embora reconheça ter assinaladas no mapa as "três ou quatro" tiradas que mais se adequam às suas características, José Gonçalves escusou-se a revelar quais os dias em que os portugueses devem sintonizar a emissão da 'Grande Boucle' para vê-lo na frente do pelotão..Contudo, foi deixando pistas do seu plano, nomeadamente ao revelar que "a partir da primeira semana é que as etapas ficam difíceis", como ele gosta, e que poderá reservar-se no contrarrelógio da 13.ª etapa, por haver uma outra próxima no calendário que melhor lhe convém. "Eu por ter a camisola de campeão nacional não quer dizer que no dia do contrarrelógio irei a fundo, porque quero poupar-me para o dia a seguir. Há ali uma etapa muito boa para mim, um dia antes, acho eu... (hesita) ou no dia a seguir, já não sei", descaiu-se o corredor da Katusha Alpecin..Assim, e apesar de a camisola que conquistou na semana passada estar a funcionar como "uma motivação extra" para este Tour, o barcelense admitiu que será pouco provável que entre num duelo com Nelson Oliveira (Movistar), o recém-coroado vice-campeão europeu da especialidade, pelo título de melhor português no contrarrelógio de Pau..Ciente da sua missão pessoal, para a qual crê que a sua condição física é boa, o único 'estreante' luso desta edição indicou ainda duas preocupações adicionais que poderão ditar o (in)sucesso da sua participação. "Falei com o Sérgio Paulinho quando estava [a estagiar] em altitude e ele avisou-me que a primeira semana era muito complicada, para ter atenção às quedas, porque o pessoal vai com muito stress, toda a gente quer estar na frente. É tentar não cair na primeira semana e depois logo se vê", revelou, referindo-se àquele que durante largos anos foi o mais experiente (e reputado) dos ciclistas portugueses no pelotão internacional..Além de estar preocupado em evitar quedas, Gonçalves quer também ajudar o seu chefe-de-fila, o russo Ilnur Zakarin. Apesar do seu inglês assumidamente "enrascado", o ciclista de Roriz foi o eleito para ser o companheiro de quarto de Zakarin, uma 'honra' que no ciclismo costuma ter um único e expressivo significado: ser o homem mais próximo do líder em todas as ocasiões, especialmente quando o terreno começa a inclinar. "Se chegasse a Paris com uma vitória de etapa, já seria muito bom. [Um bom resultado seria] uma vitória para mim e para a equipa que o Zakarin estivesse nos lugares cimeiros da geral", concluiu..Percurso duro com cinco contagens especiais de montanha.Um percurso duro e montanhoso, com cinco chegadas em alto e menos de 60 quilómetros de contrarrelógio, vão testar o pelotão da 106.ª edição da Volta a França em bicicleta, que arranca no sábado de Bruxelas..Com um total de 3.480,3 quilómetros, esta 'Grande Boucle' inclui cinco contagens de montanha de categoria especial, no Tourmalet, Izoard, Galibier, Iseran e Val Thorens, esta na penúltima etapa..Para homenagear Eddy Merckx, cinco vezes campeão do 'Tour', a caravana terá dois dias em Bruxelas, capital da Bélgica de onde o lendário ciclista provém, começando com um dia dedicado aos 'sprinters' a abrir..Na segunda etapa, um contrarrelógio por equipas de 27,6 quilómetros vai colocar as primeiras diferenças de tempo nos candidatos à vitória final, a que se seguem vários dias para os velocistas, com chegadas em Épernay, Nancy e Colmar que também podem favorecer uma fuga..Os aspirantes a suceder ao britânico Geraint Thomas (INEOS), que defende o título de 2018, terão o primeiro teste nos Vosges, nordeste de França, em La Planche des Belles Files, a primeira chegada em alto, com um gradiente que ultrapassa, em alguns troços, os 20%..Na travessia para sul, seguem-se quatro dias que oscilam entre o plano e as colinas menos exigentes do maciço central, o que pode favorecer 'rouleurs', uma fuga, ou terminar com o pelotão compacto, em vários dias para os candidatos à camisola verde, da classificação dos pontos..Depois do primeiro dia de descanso e de uma chegada propícia a um final ao 'sprint' em Toulouse, as subidas do Peyresourde e de Hourquette d'Ancizan, na 12.ª etapa, abrem a sequência nos Pirenéus e constituem um grande teste a anteceder o 'crono' individual de Pau (27,2 km) e os finais em alto no Tourmalet e Foix -- Prat d'Albis, nos dias seguintes..Na última semana, após outro dia de descanso, o pelotão concentra-se nos Alpes, onde terá de enfrentar a parte 'brutal' da 'Grande Boucle', a começar pelas subidas do Col de l'Izoard e do Galibier na 18.ª tirada, antes de um final a descer..Na jornada seguinte, com apenas 126,5 quilómetros, os candidatos serão postos à prova no Col d'Iseran, a mais alta subida pavimentada da Europa, 'teto' deste Tour (2.770 m), onde o pelotão passa pela sétima vez, mas apenas a segunda pela vertente mais difícil, a sul..Segue-se, na 20.ª etapa e a última para criar diferenças na geral, antes da consagração nos Campos Elísios, em Paris, a subida até Val Thorens. A ascensão até à estância de esqui estende-se por 33,4 quilómetros, antes do último final em alto, em Tignes.