A vingança não compensa no ArkansasO professor, as filhas e o fantasma Animação francesa muito rudimentar Histórias do futebol mexicano
Gael García Bernal e Diego Luna interpretam dois irmãos de uma família pobre (trabalham na apanha de bananas) atraídos para o mundo supostamente glorioso do futebol, na Cidade do México. Sem nunca abdicar de uma dimensão realista, por vezes muito crua, o filme de Carlos Cuarón (irmão de Alfonso Cuarón, um dos produtores) consegue manter um contagiante registo de comédia, típico de um cinema atento aos dramas do seu próprio povo.
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Este desenho animado francês é uma tentativa de marcar pontos no digital, recuperando o conto de Perrault. Infelizmente, a fábula encerra-se num academismo penoso, além de que a qualidade técnica é pouco mais que rudimentar. No caso português, a dobragem não ajuda, faltando-lhe densidade sonora e riqueza dramática. Decididamente, neste campo, não é assim que os europeus podem fazer frente a Hollywood...
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Um professor inglês (Colin Firth) muda-se para Génova com as duas filhas, após a morte da mulher num acidente de automóvel, causado inadvertidamente pela menina mais nova. Uma vez lá, esta começa a ver o fantasma da mãe, enquanto a mais velha descobre o sexo. Winterbottom podia ter rodado Génova em Roma, Milão ou em Turim, que o resultado era o mesmo: uma maçada pretensamente "naturalista" , sem ponta por onde se lhe pegue.
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Há toda uma literatura, e toda uma filmografia, sobretudo no campo do western, sobre a vingança, e a satisfação ou as angústias que proporciona - mas sobretudo sobre a primeira. Rodado no seu Arkansas natal pelo estreante Jeff Nichols, Histórias de Caçadeira funciona ao contrário de um desses muitos revenge movies, muito embora tenha como ponto de partida narrativo uma situação clássica: o confronto entre membros da mesma família, filhos de um só pai mas de mães diferentes e criados para se odiarem uns aos outros. Até mesmo nos momentos de violência e Nichols contraria as expectativas dos espectadores, já que os filma de longe e brevemente, preferindo mostrar as suas consequências sobre aqueles que a sofrem, e nos seus próximos. Interpretado por um elenco de desconhecidos encabeçado pelo excelente Michael Shannon (Revolutionary Road), Histórias de Caçadeira é um filme sóbrio e concentrado, de uma lentidão e um laconismo muito típicos dos EUA profundos, e com uma costela documental quotidiana. E as caçadeiras acabam por ficar caladas no fim.
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