A vingança de Luis Díaz serviu-se fria e o Liverpool venceu na Luz
O ambiente espetacular do Estádio da Luz chegou a empolgar, mas a moldura humana perfeita das bancadas não chegou para o Benfica vencer uma das melhores equipas do mundo. O Liverpool venceu e leva assim dois golos de vantagem (3-1) para a segunda-mão dos quartos-de-final da Liga dos Campeões, dia 13 em Anfield.
Nélson Veríssimo fez apenas duas alterações no onze - Taarabt e Darwin, para os lugares de Meité e Yaremchuk. Já Klopp tinha mostrado muito respeito pelo Benfica, mas havia a expectativa sobre que onze apresentaria na Luz, uma vez que tem jogo no domingo com o Manchester City que lhe pode dar a liderança da Premier League. Diogo Jota começou no banco e foi Luis Díaz quem acompanhou Mané e Salah no ataque dos reds. Uma mudança que seria determinante para o desenrolar do jogo.
Veríssimo bem tentou suavizar a tarefa dos seus jogadores quando disse que havia capacidade para ombrear com os ingleses e defendeu que era preciso manter a eliminatória em aberto, mas falhou na missão. Os alertas de concentração defensiva também falharam e o Liverpool chegou ao golo logo aos 17 minutos - o central Kanoté subiu até à área encarnada para fazer o 1-0. Foi o sétimo golo sofrido pelas águias de canto esta época, o que revela bem as fragilidades deste Benfica. Os rasgos ofensivos de Darwin e Rafa (e Cebolinha) não passaram de isso mesmo - no segundo tempo seria diferente - e Alisson não teve de se aplicar uma única vez na baliza.
A superioridade do Liverpool seria de novo consumada aos 34", com um golo de Sadio Mané. O ex-portista Luis Díaz serviu o senegalês para o 2-0. O resultado ao intervalo só não era mais expressivo porque Vlachodimos esteve bem entre os postes. Dos dez remates feitos pelos reds, cinco foram à baliza e dois resultaram em golo.
Eram precisas soluções. Se na derrota com o Sp. Braga (3-2) o meio campo encarnado fez apenas sete faltas, hoje o cenário foi idêntico. Três faltas no primeiro tempo. Sinal de um meio campo macio demais para travar uma das melhores equipas do mundo.
Mas até os melhores cometem os erros mais inesperados e foi assim que o Benfica reduziu a desvantagem no marcador depois do intervalo. Konaté falhou o corte e viu a bola ir ter com Darwin, que não esperou mais para fazer o golo que levou as bancadas à loucura. Foi o 28.º golo da época e o quinto na Champions (o máximo que um jogador benfiquista alguma vez conseguiu neste formato).
O golo despertou as bancadas e os adeptos galvanizaram os jogadores. A velocidade de Rafa e Darwin, que tanto foram destacadas por Klopp, apareceram no segundo tempo e causaram alguns calafrios. O bom momento do Benfica tirou o sorriso ao treinador alemão e obrigou-o a ir ao banco levantar algumas das suas mais valias. Firmino, Jota e Henderson entraram para os lugares de Salah, Mané e Thiago Alcântara. As mudanças fizeram-se sentir no imediato, embora de forma pouco efusiva. O Liverpool pausou o jogo, baixou o bloco ofensivo matreiramente para tornar o meio campo mais compacto, e depois apostou na velocidade de Firmino e Jota nas costas de Grimaldo e Gilberto.
Veríssimo esperou para ver até perceber que o meio campo precisava de mais energia, não só para travar a ofensiva inglesa como para lançar o ataque encarnado. Então trocou Taarabt por Meitè. O treinador gostava da forma como a equipa se mostrava no segundo tempo e chegava à área com perigo.
Perto dos 70 minutos Darwin ficou a pedir uma grande penalidade, num lance com Van Dijk, que poderia dar o empate, mas o árbitro mandou jogar e nem optou pelo recurso ao VAR. A frustração do uruguaio foi evidente e a bem da verdade já se marcaram penáltis por menos. A ambiguidade da questão da intensidade não pendeu para o lado encarnado.
A verdade do jogo seria ainda mais cruel e Luis Díaz fez o 3-1 para o Liverpool aos 87", numa altura em que só dava Benfica e (quase) se adivinhava o golo do empate. O ex-portista vingou-se dos assobios, colocando um ponto final no destino do jogo e provavelmente na eliminatória. Para seguir para as meias-finais, a equipa portuguesa terá de ir a Inglaterra vencer por mais de dois golos.
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