A urgência de ser eurofederalista no século XXI

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É certo que todos somos condicionados pelas nossas experiências de vida. E ter vivido em Bruxelas e andado na Escola Europeia a meio da adolescência até entrar na faculdade em Lisboa influenciou muito a forma como vejo a organização da sociedade. E foi na escola, convivendo com colegas de outros Estados europeus - sentando-me na carteira ao lado de franceses e alemães, jogando à bola com holandeses e italianos -, que entendi que as diferenças existentes não são muito diversas das que se encontram entre pessoas de cidades e regiões das mesmas nações. Um lisboeta e um portuense talvez até tenham mais em comum com um parisiense ou com um milanês do que com um santacombadense ou com um barranquense.

E tornei-me profundamente europeísta. E mais do que europeísta, passei a ser eurofederalista. Não concebo uma Europa sem União Europeia nem uma União Europeia sem uma integração que a leve no futuro a uma federação de Estados. Um Portugal de antes de 1986, fora da UE (então CEE) não faz sentido e uma UE a meio caminho entre a soberania de nações e a federação também não. Os problemas que hoje temos devem-se precisamente porque a casa europeia não está totalmente construída e porque continua sem teto, ficando por isso à mercê de todas as intempéries mundiais.

Foi com esse sentimento de pertença a algo maior do que a minha cidade, do que a minha região e do que o meu Estado que me inscrevi em vários movimentos europeístas, coordenando um deles, até que fui convidado para ingressar num outro, o Volt Europa, e presidir o Volt Portugal. É o único partido pan-europeu existente, com um programa comum, objetivos comuns, valores comuns, sob um mesmo nome e uma mesma imagem. E vai concorrer às eleições europeias em vários Estados, nomeadamente no Reino Unido, onde a pertença à União está em causa, como se sabe.

Num tempo em que os extremismos, os populismos, os nacionalismos, os isolacionismos e os racismos estão a crescer, há um grande grupo de pessoas, por toda a Europa, que lutam pelos ideais de união, solidariedade, equidade, inclusão e pelo desenvolvimento sustentável. Não há terceiras vias, ou a União Europeia sobrevive e avança rumo a uma federação, ou todos os europeus viverão décadas tenebrosas de retrocessos e de decadência social, política e económica. O tempo urge, é tempo de salvar a Europa.

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