Ao fim de 48 anos de profissão e de muitos cargos na saúde, Maria do Céu Machado diz que é uma médica feliz, uma pediatra feliz. Passou por vários hospitais, fez clínica privada, ensinou muitos alunos, observou muitas crianças e ouviu muitos pais. Não se arrepende de nada. Dias antes de dar a sua última lição, conversou com o DN sobre a vida e sobre a Saúde..Vai dar a sua última lição a 4 de junho, mesmo antes de completar os 70 anos, que significado tem esta data?.Sempre pensei que daria a minha última lição no dia em que fizesse os 70 anos, a 1 de outubro, mas como vou reformar-me a 1 de julho, tinha de escolher outra data e pensei nesta data por, de certa forma, significar fazer também uma homenagem ao meu marido João Lobo Antunes. Dia 4 de junho ele faria 75 anos e há cinco anos exatamente à mesma hora ele deu a sua última lição..João Lobo Antunes foi um homem muito importante para si, foi uma grande paixão? Quer falar da vossa relação? (Ri-se).Acho que quando falamos no João Lobo Antunes está tudo dito. Ele era um homem extraordinário sob todos os pontos de vista. Muito humano. Aprendi muito com ele. Por vezes, tinha um ar algo arrogante ou distante, que fazia as pessoas pensarem que era vaidoso, e era, porque era um homem muito bonito, mas esse ar distante correspondia a uma certa timidez..Ainda estiveram casados de 2002 a 2016....Sim, até ele morrer. Tivemos um casamento fantástico. Não foi o primeiro casamento para nenhum de nós. Eu tinha 51 anos e ele 56. Já éramos pessoas maduras, o que significa que depois de termos tomado a opção de casar, seguiram-se anos fantásticos de companheirismo, de discussão de ideias, de viagens, de muita coisa feita. Nós combinámos que jantávamos sempre em casa e que tomaríamos sempre o pequeno-almoço juntos..E conseguiram?.Às vezes, o jantar era tarde e o pequeno-almoço cedo, mas eram realmente momentos em que ficávamos os dois à mesa a conversar sobre tudo. Ele contava histórias de doentes, as preocupações que tinha, porque era um médico que gostava das pessoas, dos doentes, vivia o sofrimento deles...e há poucos assim. Obviamente que todos os médicos vivem o sofrimento, mas ele vivia-o procurando resolver o problema das pessoas, talvez seja esta a diferença..Essa foi das facetas que a marcou?.Costumo dizer isso aos alunos e aos internos. Por vezes, estamos na urgência e aparece alguém com uma dor de cabeça. Pede-se um exame, não tem nada de especial e mandamos a pessoa embora, dizendo-lhe que o exame está bem, mas acabamos por não resolver o seu problema, que era a dor de cabeça. E a nossa missão como médicos é resolver o problema do doente, mesmo que achemos que é uma situação sem importância. E o João tinha esse cuidado, embora ele não gostasse muito dos doentes a quem chamava os preocupados saudáveis, que eram os que não tinham doença, mas estavam preocupados com qualquer coisa..Viajaram muito também....Viajámos imenso. Tanto em férias como em trabalho. Viagens sempre fantásticas, com imensa cultura, discussão de ideias, vimos muitos museus... Eu procurava acompanhá-lo sempre nas suas deslocações e ele a mim. Como homem inteligente que era e que se refletia na sua enorme criatividade, no seu humor incrível, escrevia muito bem e tinha opiniões muito sólidas. E isso era fantástico. Uma das coisas que invejava nele é que ele lia um livro, muito depressa, tanto em português como em inglês ou em francês. E quando queria fazer uma citação, sabia exatamente onde a encontrar...era tão irritante..Era uma pessoa que lhe faz falta....Acho que a voz dele era uma voz importante em Portugal, na saúde e não só. Os políticos ouviam-no, os dirigentes ouviam-no, quem tem que tomar decisões ouvia-o, a faculdade e o hospital também. Faz falta a todos, a mim faz-me...mas também acho que faz falta ao País..Numa referência de um dos seus últimos livros, 'Ouvir com Outros Olhos', João Lobo Antunes, faz-lhe um agradecimento: "À Maria do Céu que me tornou melhor quando eu pensava que já era uma obra acabada". O que sentiu perante isto?.É uma frase maravilhosa. Fiquei muito sensibilizada, mas principalmente acho que foi uma coisa fabulosa. Um homem como o João Lobo Antunes dizer isto, ao fim de 14 anos de casados, e ele próprio assumir, um homem com a projeção dele, que era uma obra acabada e que alguém o tornou melhor... é algo fabuloso para um homem..E como se sente hoje na sua vida, uma obra inacabada? O que ainda lhe falta?.Sinto-me muito feliz, tanto profissionalmente como pessoalmente. Acho que não me falta nada. A minha vida pessoal foi fantástica. Tenho duas filhas e dois genros fantásticos, sete netos, entre os 10 e os 18 anos, que também são fantásticos. Uma das minhas filhas é pediatra, a outra é jurista. Os meus genros são engenheiros, tenho dois netos que vão entrar já este ano na faculdade. Tive dois casamentos fantásticos, o primeiro terminou, mas o meu ex-marido, que também é médico, pai das minhas filhas, e um homem reto. Do ponto de vista pessoal acho que não tenho mais nada para acabar..E do ponto de vista profissional?.Bem, deste ponto de vista tenho um percurso muito atípico. A maioria dos médicos entra no hospital, torna-se especialistas, por vezes muda de hospital, mas acaba por ficar ali até ao fim da vida. Eu, além de ter andado de hospital em hospital, tive cargos, como o de agora, que não são hospitalares..Foi assim que fez o seu percurso....Eu fiz o curso na Faculdade de Medicina em Santa Maria, mas depois fui para os Hospitais Civis de Lisboa. Fiz o serviço médico à periferia, o meu curso foi o primeiro, e entrei em pediatria no Hospital D. Estefânia..Durante o 25 de abril?.Já foi depois. Fiz exame para ficar especialista, mas durante muitos anos o ministério não abriu vagas para o D. Estefânia. Na altura, já tinha duas filhas pequenas e queria ficar em Lisboa. Então concorri à Maternidade Alfredo da Costa, o único hospital onde abriram vagas. Mas fiquei ali como especialista, consultora e depois como chefe de serviço e comecei a dar aulas na Faculdade de Ciências Médicas, onde me doutorei..Quanto anos esteve na MAC?.Estive 13 anos. Foi o professor Nuno Cordeiro Ferreira que insistiu que fizesse o doutoramento e o professor Ramos de Almeida também. Entretanto, o Hospital Amadora-Sintra foi construído e foi decidido que teria gestão privada. Procuravam um diretor para pediatria, fizeram-me o convite e não resisti em voltar à pediatria geral. Convidei para chefes de serviço o Dr. Paulo Casela, cirurgia pediátrica, o Dr. Gonçalo Cordeiro Ferreira para pediatria, costumo dizer que os Cordeiro Ferreira me acompanharam toda a vida, e a Dra. Helena Carreiro para a neonatologia. Depois foram também identificados os enfermeiros chefes e fomos para lá três meses antes de abrir o serviço que construímos de raiz..Foi algo importante para si?.Foi um tempo fantástico. O serviço era enorme. Nessa altura, tinha 140 camas, todas as valências de pediatria e urgências. Mas antes fomos ver que população íamos servir, o que precisávamos de equipamento, que patologias íamos tratar. Ainda convidámos alguns pediatrias e contratamos outros apenas com curriculum de folha e meia e entrevistas. Começámos com uns 21 pediatras, depois foi-se alargando e fizemos muito trabalho de equipa. Aprendi imenso de gestão, estive lá 11 anos..Porque é que saiu?.Estava a ser uma pediatra feliz, quando o ministro Correia de Campos me convidou para ser Alta Comissária da Saúde. E aceitei, não se diz que não a um ministro, muito menos ao professor Correia de Campos. Mas tive uma fase inicial difícil..Foi passar da medicina para um cargo mais político.Até essa altura tinha sido apenas pediatra hospitalar, embora já tivesse tido uma experiência no Ministério da Saúde - como presidente da Comissão da Saúde da Criança e do Adolescente, fui nomeada pelo ministro Luís Filipe Pereira. Acho que até foi isso que motivou Correia de Campos. Ele disse-me que tinha visto o resultado do nosso trabalho e tinha gostado. Não tínhamos sido uma comissão que tinha feito um documento com uma série de conclusões e recomendação e que depois dissesse: agora resolvam. Não, nós trabalhámos muito em equipa com a Direção-Geral da Saúde para se poder implementar o que estávamos a propor..O que aprendeu?.Quando estamos nos hospitais queixamo-nos muito do ministério e não percebemos que também há dificuldades a nível central. Só que, entretanto, chegou a Troika, que quis encerrar um serviço em cada um dos ministérios e o Alto Comissariado para Saúde, não era executivo, era de planeamento, e resolveram que seria extinto..Mas não ficou por aqui.Ainda estava no Alto Comissariado quando o professor Adalberto Campos Fernandes, que era diretor do Hospital de Santa Maria me convidou para dirigir a pediatria, uma vez que o professor Gomes Pedro se ia reformar. Ele achava que uma pessoa de fora era capaz de ter uma visão mais abrangente. Primeiro eu disse que não, queria acabar a elaboração do Plano Nacional de Saúde, mas quando percebi que o Alto Comissariado ia ser extinto, aceitei. Fui diretora de pediatria entre 2011 e 2017 e fiquei descansada. Pensei que me reformava naquele cargo e como Professora da Faculdade. Mas o professor Adalberto, que já me tinha nomeado vice-presidente do Conselho Nacional de Saúde, e membro do Conselho Nacional para as Ciências e Ética da Vida, telefonou-me um dia a convidar para presidente do Infarmed..E o que a levou a aceitar, era um cargo completamente diferente.Digo sinceramente, não sei se noutras condições teria aceitado. O João Lobo Antunes tinha morrido há seis meses e eu estava com pouco élan profissional. Eu gosto muito de trabalhar quando estou numa instituição, gosto de ser criativa, de pensar, inovar, e estava sem entusiasmo. E o Infarmed foi um desafio novo. Achei que era ótimo para acabar a minha carreira. E fui....Não se arrepende?.Nada. Mas ainda fui diretora clínica, tanto do Hospital Amadora-Sintra e do Santa Maria. E tenho a dizer que foram experiências boas, mas difíceis. Não é fácil integrar um conselho de administração do Centro Hospitalar Lisboa Norte. No Amadora-Sintra foi um pouco mais fácil, ainda tinha gestão privada. Sabe qual é a diferença entre gestão pública e privada? Em gestão privada, se a administração decide uma coisa, as pessoas procuram cumprir. Em gestão pública as pessoas procuram arranjar a melhor forma de não cumprir..Mas tudo isto quer dizer que do ponto de vista profissional teve uma carreira preenchida, com situações inesperadas, que a deixa feliz....Sim. Sempre com situações inesperadas. Não havia nada que me dissesse nestes percursos que iria para aqui ou para ali. Até porque há médicos que estão mais próximos do ministério, que são consultores ou assessores, e eu nunca fui e nem nunca fiz carreira política. Mas também nunca gostei de dizer que não a desafios..Voltando ao lado pessoal. Os seus pais gostariam que tivesse escolhido engenharia, o que a motivou para a medicina?.Os meus pais gostavam que fosse engenheira agrónoma. O meu pai achava que era mais adequado para uma senhora, a vida de médica seria terrível. Mas o meu avô materno era médico e influenciou-me imenso. E nunca pensei ser outra coisa senão médica..E a pediatria?.Quando acabei medicina queria ser cirurgiã. Cheguei a ajudar nalgumas intervenções no Hospital dos Capuchos. Mas formei-me com 22 anos e depois tive uma filha aos 23 e outra aos 24 e percebi que ser cirurgiã com duas filhas muito pequenas, com o meu marido na altura a fazer o serviço militar, era muito complicado. Quando estava a fazer o internato geral fui para o Curry Cabral, era lá o serviço de infecciologia pediátrica dos Hospitais Civis. O diretor do serviço era o Dr. Mateus Marques, que já morreu, mas que nos influenciou de tal maneira que todos os que fomos colocados no serviço naquela altura fomos para pediatria....Isso é a prova que um professor também faz os alunos.Os modelos têm uma importância enorme. A juventude não precisa que se digam coisas, precisa de modelos, precisa de ver a forma como os adultos se comportam. Não por palavras, mas por atos. Eu tive modelos fantásticos e a escolha de pediatria foi por isso...também não me arrependo..Até diz que é uma pediatra feliz. Teve sorte com as crianças que apanhou, com os pais? .Sempre fiz hospital e privada. E já tenho muitos filhos de rapazes e raparigas de quem fui pediatra, o que acho sempre imensa graça, alguns vão estar na minha última lição. Eu gosto muito do contacto com as crianças, com os adolescentes - escrevi um livro para os pais dos adolescentes. Mas fui intensivista pediatria, depois intensivista neonatal e senti o stress de salvar uma vida em risco. Sempre de gostei de trabalhar em equipa, de decidir em equipa. Acho que aprendemos com toda a gente, internos, alunos, colegas. Sempre tive a preocupação que as pessoas que trabalhassem comigo estivessem satisfeitas, acho que me preocupo com as pessoas. E é o mesmo em relação às crianças e aos pais. Não tenho problemas em atender o telefone a qualquer hora do dia ou da noite....Nunca se zangou com isso?.Bem, Já. Quando me telefonam sem razão. Há tempos, já eu estava no Infarmed, ligou -me uma mãe, era para aí uma da manhã. Eu atendi, porque uma mãe que liga à esta hora está aflita, quando percebi que ela tinha ido ao hospital com o filho, que estava com uma otite, teve de tomar antibiótico e como não lhe tinham escrito a dose na embalagem, ligou-me a perguntar a dose. Ouviu uma descompostura. Mas percebo a ansiedade dos pais e procuro sempre atenuá-la e responder a todas as questões..Acha que a pediatria mudou muito ao longo dos tempos?.Quando voltei a Santa Maria, depois do Alto Comissariado, achei que a pediatria se tinha tornado uma grande complexidade. Eram todas situações muito graves, as crianças muito doentes, porque agora as doenças mais leves não têm internamento. A pediatria estava mais complexa, muito tecnológica e com terapêuticas sofisticadas. Mas a pediatria de Santa Maria tem profissionais de enorme competência e o que se faz ali, faz-se bem..O que vai dizer aos colegas, aos alunos, aos pais e à sociedade?.Vai ser uma reflexão de vida e sobre a saúde. Ao que já preparei, chamei: A saúde e a pediatria de 1972 a 2019. No fundo é a evolução que vivi, que é brutal. Depois vou falar do que aprendi nas outras áreas, desde a política de saúde à ética e até à gestão. Vou falar especificamente do que considero que deveria a política de saúde em algumas áreas, nomeadamente nos recursos humanos..Do que já viu o que é mais importante para si?.Acho que as instituições deveriam ter mais autonomia e os dirigentes serem responsabilizados, uma autonomia com responsabilização paralela. Há muito pouca autonomia de gestão nos hospitais, quer seja na contratação de pessoas, na área financeira, etc. Quem melhor do que uma instituição para saber fazer a sua gestão? Ninguém..Neste período de 48 anos, o que acha que mudou: a medicina ou a classe médica?.Mudou tudo, a medicina progrediu muito, desde a tecnologia ao acesso aos cuidados. Defendo a complementaridade entre o SNS e os privados. Acho que se não houvesse SNS, não teríamos conseguido a evolução que tivemos nos indicadores de saúde. É fundamental que o SNS se mantenha forte, mas se agora fechassem todas as unidades privadas, se não houvesse esta complementaridade, o nosso SNS não conseguiria os atuais níveis de Saúde. A concorrêcia é boa..E a classe médica, mudou?.O que vejo nos profissionais de saúde é que aprenderam a trabalhar mais em equipa. Ainda não estamos num mundo ideal, mas estamos mais centrados nos doentes e nas famílias. Mas acho também que há uma exaustão, um desinteresse, desencanto. As pessoas trabalham muito, são pouco reconhecidas. Eu via isso em Santa Maria. Se calhar também era um desencanto para mim e, por isso, aceitei o Infarmed..Hoje é tudo mais difícil?.Enquanto há uns anos pedíamos a um médico para fazer mais um banco, umas consultas e as pessoas aceitavam, atualmente não é fácil. A culpa não é com certeza dos profissionais de saúde, a culpa é porque nós continuamos a não ter um planeamento de recursos humanos como deve ser..Voltando à questão pessoal. Um dos melhores conselhos que recebeu na vida foi de uma das suas filhas, não foi? Ela disse-lhe: "Se tivesses menos pena de ti própria já terias organizado as tarefas e resolvido o problema." O que é que este conselho mudou na sua vida?.É verdade. Ela hoje diz que não se lembra de nada, mas eu lembro-me muitas vezes. Foi numa situação em que estava aflita em conseguir fazer 30 tarefas ao mesmo tempo e ela com o seu ar de adolescente, do estilo, não lhe vou ligar, disse-me aquilo. Achei fantástico, quando temos uma, duas ou mais situações ao mesmo tempo, por vezes, começamos logo a dizer que não vamos conseguir e a queixar-nos. Se não for assim concentramo-nos em resolver as situações..E aos sete netos, o que é mais importante transmitir-lhes?.Acho que eles vêm que a avó teve êxito profissional e que têm orgulho na avó. Não conhecem é muitas avós que trabalhem até tão tarde na vida. Quando eram mais pequenos perguntavam mesmo: tu és importante avó, não és? Mas independentemente disso acho que têm a noção de que gosto de ser médica, mais médica do que dirigente, que gosto se de ser pediatra, sou pediatra de quase todos, que gosto de crianças e de adolescentes. O último livro que publiquei foram os meus netos mais novos que o foram apresentar. Um tem dez anos e a outra 11. Eles leram o livro com muita atenção e fizeram comentários. Acho que sentem que a avó está presente quando precisam.Mas o que lhes tem procurado transmitir?.O que tenho procurado transmitir, além dos valores habituais, e estimular é a curiosidade. Procurar informação para cumprirmos a nossa missão de cidadania. Sermos curiosos, obriga-nos a estarmos informados..Isso deve ser um estímulo, não causa de stress....Uma coisa que vejo muito e vou dizer na minha última lição é que vejo os meus netos, os adolescentes, a stressarem muito por causa das notas, por vezes por uma décima. Tudo por causa das médias de entrada na faculdade. Depois do 10º ano os jovens estão ali num sufoco porque querem ir para medicina ou engenharia. Não pode ser. Quando vamos ver os que dizem que já se sentiram deprimidos, são muitos. Que adultos estamos a formar? As entradas na faculdade não podem ser por 0,1 valores. Isto faz-me muita impressão..Mas como é que se pode resolver?.Gostava que houvesse um movimento que contrariasse isto. Não podemos dizer que é o sistema. Temos de perceber que a educação tem efeito na saúde e vice-versa. Temos de fazer um movimento de cidadania e ouvir os jovens. O que vejo nos alunos da faculdade é que foi tão difícil entrar, que quando chegam respiram fundo e pensam: já entrei. E depois parece que há um desinteresse, o esforço foi tanto, que quando chegam, já estão cansados. Agora reformada e com mais tempo, vou pensar no assunto..Depois deste adeus à carreira pública o que vai fazer?.Tenho muitas ocupações. Vou dedicar-me mais aos cargos que tenho, como por exemplo a Associação dos Amigos de Santa Maria ou o Conselho Nacional de Ética e onde estou e voltar a fazer clínica privada. Tenho saudades das crianças...