A TVI, Pedro e o Lobo

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À boa maneira de Moniz, a TVI promoveu o episódio de segunda-feira de Espírito Indomável como um "episódio especial". Quando vi a promoção, não acreditei, pensei que fosse mais uma estratégia para agarrar público, que os tempos são de vacas. É um bocadinho como a história de Pedro e o Lobo, de Prokofiev: tantas vezes, Pedro anuncia o lobo em tom de brincadeira, que, quando ele veio mesmo a sério ninguém acreditou.

Segunda-feira à noite, dei por mim a passar pela TVI. E o que vi agarrou-me: era a "tal" cena especial da novela, em que dois grupos rivais apontavam armas entre si. A cena era bem filmada e bem realizada, criando ao espectador um momento de grande tensão, como poucas vezes se viu na ficção portuguesa.

De um lado, Luís Esparteiro (Rodrigo), Sofia Nicholson (Teresa), João Catarré (João), José Afonso Pimentel (Eduardo), Carla Andrino (Josefa). Do outro lado da barricada, Zé (Vera Kolodzig), Diogo Amaral (Rafael), António Capelo (Joaquim) e Tiago Aldeia (Hugo). A raiva estampada nas lágrimas que caíam dos olhos, a violência inscrita em palavras sussurradas, a mira das espingardas focadas no alvo, os dedos ansiosos pressionando o gatilho. A tensão. Até ao momento que uma mulher (Hermínia, interpretada por Maria d'Aires) corre desalmadamente e evita a tragédia, anunciando que Zé é, afinal, a filha que o principal rival julgava ter morrido em criança arrastada pelo "rio maldito".

A TVI, tal como Pedro, prometera que o lobo vinha aí. Eu, tal como os habitantes da aldeia, não acreditei. E, afinal, tal como na história do compositor russo, o lobo veio mesmo...

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