A TERCEIRA VIDA DOS DURAN DURAN
A chegada ao século XXI não parecia indiciar grande futuro para os Duran Duran. John Taylor tinha abandonado o grupo em 1996, antes mesmo de gravada a totalidade de Medazzaland, álbum que acabou editado em poucos territórios e que vendeu globalmente apenas 400 mil exemplares. Longe, portanto, dos 12 milhões de Seven and The Ragged Tiger (1983), os dez milhões de Rio (1982) ou os quase sete milhões do Wedding Album (1993)... Mas piores que os resultados de Medazzaland foram as desventuras, em 2000, de Pop Trash, que não ultrapassou os 300 mil exemplares vendidos à escala global, e que valeu ao grupo algumas das piores notas críticas de sempre. A caminho de 2001 o guitarrista Warren Cucurullo, na banda desde os dias de Notorious (1986), afastava-se. E, descontentes com a promoção de Pop Trash, o grupo, reduzido ao vocalista Simon Le Bom e ao teclista Nick Rhodes, afastava-se da editora de então.
Continuar ou não continuar era a questão. James Bond tinha já sugerido que só se viva duas vezes. E, depois dos desaires de 1988 a 1990, o ressurgimento em 1993 com Ordinary World e o álbum e digressão que se seguiram tinham dado aos Duran Duran essa segunda vida. Haveria uma terceira?
Um primeiro dado pesou na balança. Apesar do evidente fracasso nas vendas de Pop Trash, a digressão que se lhe seguiu esgotou salas pelo mun- do fora. A este facto juntou-se o su- cesso do best of editado em 1998, que provou haver um público para o grupo, nem que pela força da nostalgia. Conculsão: porque não tentar uma reunião da formação original, revelada em 1981?
De um primeiro encontro em casa de John Taylor nasceu o desafio. Reunidos num estúdio, os cinco elementos que o mundo descobrira ao som de Planet Earth em 1981 voltaram a sentir-se em forma. Enquanto trabalharam num álbum novo voltaram à estrada, numa digressão de reunião que os devolveu às maiores salas do mundo. (Reach Up For The) Sunrise, o single de regresso, deu-lhes os melhores resultados em 20 anos. Astronaut, o álbum (editado em 2004), somou dois milhões de vendas. E Greatest, o best of reeditado, arrecadava sete milhões de unidades. Afinal, a terceira vida era possível.
Neste último ano, apesar da notícia do novo afastamento do guitarrista Andy Taylor, o grupo manteve um perfil de grande visibilidade e evidente autoconfiança. Nomes vários das novas gerações de músicos (como os Franz Ferdinand ou Scissor Sisters) apontavam-nos como grande referência. Passaram pelos palcos mundialmente mediatizados do Live Earth e do Concerto Por Diana. E revelaram que o seu 12.º álbum teria como colaboradores nomes de proa da actual cena pop como Timbaland ou Justin Timberlake.
Como já explicaram nas primeiras apresentações ao vivo de Red Carpet Massacre, numa série de concertos na Broadway, o que mostram neste disco não é mais que o retomar do que entendem pela essência dos Duran Duran. O viver na cidade, o conviver com as novas gerações e com a noite e a cultura da dança. Aos 29 anos de vida, os Duran Duran mostram sinais de resistência às leis do tempo. A banda das três vidas está para durar... |