A tecnologia ao serviço da sustentabilidade
A mudança veio definir o último ano, e uma consequente evolução tecnológica foi fundamental na capacitação de um futuro que chegou de repente. Contudo, estamos perante grandes questões relativamente aos desafios que esta aceleração veio acentuar.
A crise climática representa um dos maiores e mais urgentes desafios da nossa geração. Temos assistido a uma evolução alarmante dos indicadores ambientais e 2020 foi novamente um ano de recordes climáticos, com temperaturas extremas (temperatura média global aumentou cerca de um grau, e em breve atingirá a marca dos 1.5 graus) e a concentração mais elevada de CO2.
O mundo necessita rapidamente de mudar a forma como vive e opera, e as empresas devem também assumir a sua responsabilidade e fazê-lo com urgência. Na Microsoft, esta é uma das nossas maiores prioridades e queremos ajudar todos a fazê-lo também. Entre muitas iniciativas, de destacar a criação de uma taxa interna de carbono, cobrada a todas as divisões do negócio, com base nas suas emissões. Estes fundos serão convertidos para um fundo de inovação climática, que irá financiar melhorias no âmbito da sustentabilidade.
Acredito que é através da tecnologia, com o poder de data science, inteligência artificial e tecnologia digital, que as empresas e organizações de todo o mundo podem conhecer o seu impacto ambiental, reduzir as emissões com tecnologia inteligente e acelerar o progresso com soluções sustentáveis, num ecossistema de economia circular.
Com tecnologia inovadora as organizações podem aceder às emissões associadas à sua utilização, através de rastreamento, análise e atuação precisa e transparente, fundamental para uma mudança positiva.
As empresas devem estabelecer objetivos de neutralidade carbónica a médio prazo e com a necessária tecnologia adotar estratégias que o permitam, como a utilização de redes energéticas inteligentes, operar em edifícios inteligentes, otimizar as as cadeias de aprovisionamento ou otimizar os processos de produção a nível ambiental.
À medida que os conhecimentos de sustentabilidade se tornam mais incorporados nas cadeias de valor, a tomada de decisões ambientais poderá integrar-se no desenvolvimento de novos produtos e serviços, com possibilidades para criar novas oportunidades de negócio.
O conceito estratégico da economia circular é central para as organizações, ao permitir a criação de recursos a longo prazo num processo contínuo de reabsorção e reciclagem. Para isso, o trabalho em ecossistema é fundamental. Cada empresa deve olhar para a sua cadeia de valor e garantir que todos os envolvidos partilham dos mesmos objetivos e operam com os mesmos princípios de descarbonização.
Essencial ainda é a adoção de uma cultura interna de sustentabilidade para que os objetivos estabelecidos tenham o desejado sucesso. As organizações devem incentivar atividades de forma a envolver e capacitar os seus colaboradores para que todos possam contribuir para uma sociedade mais sustentável.
O compromisso que as empresas assumem com a sustentabilidade ambiental é cada vez mais um elemento fundamental na avaliação dos investidores, dos colaboradores e dos clientes. É por isso um imperativo de negócio.
O futuro reserva-nos certamente mais desafios, nesta que é uma jornada inacabada. Mas ao colocar a sustentabilidade no centro da tecnologia e a tecnologia no centro da sustentabilidade mantemos a convicção de que, juntos, ainda podemos criar um futuro mais sustentável e próspero que permita a todas as pessoas e comunidades atingirem mais. Esta é uma responsabilidade de todos. S ó assim conseguiremos fazer a diferença.
Diretora-geral da Microsoft Portugal