A rota dos refugiados da guerra da Síria para alcançar o Velho Continente

Itália é a porta de entrada na Europa da maioria dos refugiados que tentam depois alcançar os países do Norte onde há a preocupação da reunificação familiar. Uma nova indústria de passadores está a florescer com os refugiados
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Mahmud fugiu de Talmans, a sua terra natal na província de Idlib, sul da Síria, tal como tinham feito outros 20 mil habitantes da aldeia. Corria o mês de agosto de 2014 e Mahmud, para além de fugir a uma área controlada pela Al-Qaeda, procurou afastar-se o mais possível de uma guerra que já fez mais de 200 mil mortos desde 2011.

Ao deixar Talmans, Mahmud foi engrossar a já a ampla lista de refugiados e deslocados sírios: desde março de 2011, quando começaram os protestos contra o regime de Bashar al-Assad, que degeneraram em guerra civil, 6,5 milhões mudaram de cidade ou região na Síria e três milhões fugiram do país.

A Europa, o Velho Continente, foi a escolha de Mahmud. Universitário, de 20 anos, acreditou que conseguiria chegar a esse oásis bem longe da morte e destruição do seu país. Um objetivo, aliás, tentado por muitos sírios - como por refugiados de outros países - mas nem sempre alcançado. As razões do fracasso são de vária ordem: as viagens são fisicamente perigosas, muitos naufragaram no Mediterrâneo ou sucumbiram pelo caminho, e dispendiosas. Na realidade, alimentada pelos refugiados que procuram chegar à Europa, a indústria dos passadores ou traficantes está em pleno .

Em declarações ao Instituto para a Guerra e Paz, sediado em Damasco, Mahmud contou a sua saga até chegar à Noruega, onde espera agora que lhe concedam asilo.

Ao deixar a Síria, Mahmud seguiu para a Turquia e dali para a Argélia, onde pagou 300 dólares (260 euros) a passadores para o fazerem entrar na Tunísia. Após ter cruzado a fronteira a pé, o jovem - e outros 80 refugiados de vários países - passou para a Líbia em carros dos traficantes a quem pagou mais 700 dólares ao chegar à cidade costeira de Zawara. Nessa noite, cada um pagou mil dólares a outro traficante para entrar no barco que, atravessando o Mediterrâneo, os levaria a Itália.

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