A recandidatura de Infantino, o Mundial bienal, os empréstimos e os direitos humanos
Gianni Infantino anunciou hoje a recandidatura à presidência do organismo que rege o futebol mundial e que ele lidera desde 2016 e defendeu que a realização do Campeonato do Mundo de dois em dois anos "é viável". "A FIFA não propôs o Mundial bienal. O Congresso pediu que se estudasse essa possibilidade e chegou-se à conclusão de que é viável, com algumas consequências e impactos", disse Infantino, durante o 72.º Congresso da FIFA, reunião que antecede o sorteio do Mundial do Qatar, que se realiza na sexta-feira, em Doha, e conta com a presença de Portugal.
Agora "terá início a fase de consultas e debates", para "encontrar acordos e compromissos" com as federações nacionais, ligas e jogadores, para que se chegue a uma conclusão "que beneficie todos". A UEFA e a ECA estão contra.
Infantino disse que o último Campeonato do Mundo, na Rússia, em 2018, "foi um sucesso desportivo e comercial", mas lamentou que o seu legado não tenha sido "uma paz duradoura". O líder da FIFA aludiu assim à guerra na Ucrânia.
No 72.º congresso da FIFA, em Doha, a presidente da Federação Norueguesa de Futebol, Lise Klaveness, instou o organismo a "dar o exemplo" quanto aos direitos dos trabalhadores, das mulheres e da comunidade LGBT. "Não podemos ignorar a necessidade de mudança e a FIFA tem de atuar e dar o exemplo", disse a responsável, na véspera do sorteio da fase final do Mundial 2022.
Os trabalhos de construção dos novos recintos que vão acolher o próximo Mundial, entre 21 de novembro e 18 de dezembro, vitimaram mais de seis mil operários migrantes, sobretudo de origem asiática, segundo diversos órgãos de comunicação social. Segundo Klaveness, é intolerável haver "empregadores que não garantam a segurança dos seus trabalhadores e responsáveis políticos que não querem organizar jogos de mulheres e que não protejam a segurança da comunidade LGBT".
Para a dirigente nórdica, "a FIFA tem que dar o exemplo, tem que liderar", mas, Gianni Infantino defendeu que o organismo não pode ser responsabilizado "por todos os males do mundo". "O tema dos direitos humanos surgiu quando foi atribuído o Mundial ao Qatar, em 2010. A única maneira de promover uma mudança positiva é através do diálogo. Desde início, pressionámos as autoridades qataris que têm sido parceiros comprometidos em alterações em termos de direitos humanos", assegurou o suíço, defendendo que esta "é uma oportunidade para que o mundo árabe se mostre ao mundo inteiro".
A FIFA está perto de alcançar o recorde de receitas em mundiais. No Qatar 2022 e, apesar da pandemia provocada pelo coronavírus, "a situação financeira da organização continua saudável e robusta". A meta de receitas projetadas de 6,44 mil milhões de dólares [5,77 mil milhões de euros], relativas ao ciclo 2019-2022, podendo mesmo ser atingido a marca dos 7 mil milhões de dólares (6,3 mil milhões de euros) até ao final do ano.
Os resultados refletem o aumento das receitas televisivas e de marketing para o Mundial 2022, que aumentaram em relação ao último Campeonato do Mundo (2018, na Rússia). A FIFA espera que "os direitos televisivos estabeleçam um novo recorde" até ao final do ano.
Segundo os dados revelados durante o Congresso em Doha, a FIFA gastou mais de 900 milhões de euros em medidas para combater os efeitos da covid-19 no futebol e, ainda assim, aumentou as reservas monetárias em 21%.
A partir da próxima temporada, os clubes só poderão emprestar um máximo de oito jogadores e também só poderão ter oito futebolistas cedidos no plantel. Em 2023-24, o número reduzirá para sete até chegar ao limite de seis atletas que será imposto a partir da temporada 2024-25.
Os jogadores com idade igual ou inferior a 21 anos e aqueles que tenham sido formados no clube com o qual têm contrato serão exceções à regra. Cada clube só poderá ceder (ou receber) um máximo de três jogadores a um só clube.
As cedências têm de ter uma duração mínima de seis meses, sem poder ultrapassar um ano. E serão proibidos os sub-empréstimos (emprestar um emprestado).