A queda da Al-Qaeda
É hoje maioritariamente aceite por analistas políticos e militares que a Al-Qaeda perdeu fulgor, dinâmica e carisma. O franchising esvaziou-lhe o centro de poder, perdeu para o campo político associados que renunciaram à jihad e não viu qualquer procissão das velas em sua honra nas revoltas de Tunes, Cairo, Tripoli e Sanáa. A morte de Ben Laden encerrou um ciclo iniciado por si antes do ataque às Torres Gémeas e cuja dicotomia passou bem mais pelo choque dentro do mundo muçulmano do que pelo ódio exclusivo ao Ocidente. Desde o 11 de Setembro, a maioria dos ataques da Al-Qaeda deu-se em países não ocidentais. Sociedades aliadas do Ocidente que rejeitam teses fundamentalistas, a guerra santa e com níveis de abertura desprezados pelo radicalismo por traírem o sonho da unificação islâmica. Indonésia, Egipto, Iraque, Argélia, Turquia ou Marrocos são alguns dos que recusaram estas teses sofrendo com isso na pele. Vale a pena, por isso, recordar 1979 para lá da invasão soviética e da chegada dos ayatollahs a Teerão, quando a Grande Mesquita de Meca (local mais sagrado do islão) foi invadida por fundamentalistas armados que sequestraram peregrinos e profanaram o templo: repugnava-lhes a proximidade saudita aos EUA e a ténue liberalização social. A democratização e a modernidade são o verdadeiro Satã para a Al-Qaeda, estejam em marcha no Ocidente ou não. É esse o caminho para a enfraquecer e a quebrar de vez.