A propósito de Tiger Woods. Outros regressos que ficaram para a história

O golfista norte-americano protagonizou este domingo um dos regressos mais marcantes da história do desporto. Recorde outros casos de atletas que foram dados quase como acabados e voltaram a triunfar.
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Quase ninguém ficou indiferente ao que muitos chamaram de maior regresso da história do desporto. Aos 43 anos, Tiger Woods, depois de uma longa travessia do deserto, venceu o Masters de Augusta em golfe, 14 anos depois de ter conseguido um triunfo num Masters.

"É especial, foi preciso ser muito paciente nos últimos anos, mas também nestes últimos três dias. Foi claramente uma das vitórias mais difícil de alcançar, depois de tudo o que se passou nos últimos anos. Reconquistar este título, 22 anos após a minha primeira vitória aqui, é surreal, não posso estar mais feliz, não tenho palavras para descrever o que sinto", referiu Woods no final do torneio que o pode relançar para uma perseguição histórica ao lendário Jack Nicklaus, recordista de títulos nos principais torneios do golfe [majors], com 18.

As reações ao triunfo de Woods surgiram de todo o lado através sobretudo das redes sociais. Desde a tenista Serena Williams, ex-número 1 do mundo, a Gareth Bale, jogador do Real Madrid, passando por Barack Obama a Donald Trump. Todos não deixaram passar em branco este regresso do golfista norte-americano.

A verdade é que a história do desporto está carregada de regressos em grande de desportistas que abandonaram as respetivas modalidades ou passaram por momentos complicados e de crise de resultados. Eis alguns exemplos.

Magic Johnson (Basquetebol)

Magic é Magic. O basquetebolista que foi a primeira escolha do draft da NBA em 1979 venceu troféus individuais e sagrou-se campeão cinco vezes pelos Los Angeles Lakers, tendo sido considerado um dos melhores jogadores de sempre da modalidade. Em 1991, contudo, deixou o mundo de boca aberta ao anunciar que se ia retirar por ter contraído o vírus da SIDA - ainda jogou o All Star Game e esteve nos Jogos Olímpicos na célebre dream team em 1992. Em 1996 decidiu voltar a jogar, outra vez com a camisola dos Lakers, aos 36 anos. Disputou mais 32 jogos pela equipa de Los Angeles antes de se reformar em definitivo.

Roger Federer (Ténis)

O tenista suíço dominou praticamente o ténis a nível mundial entre 2003 e 2012, conquistando um total de 17 Grand Slam, um máximo na história do ATP, e passou 302 semanas como número 1 mundial. Com o surgimento de rivais à altura, e talvez pela idade, depois do triunfo em Wibledon em 2012, Federer esteve quase cinco anos sem conseguir vencer um Grand Slam. Em 2016 esteve seis meses sem competir para curar uma lesão e regressou em grande forma em 2017, vencendo o Open da Austrália. Cinco meses depois também triunfou em Wimbledon. Atualmente é o número quatro da hierarquia mundial.

George Foreman (Boxe)

O pugilista norte-americano sagrou-se campeão do mundo de pesos pesados em várias ocasiões, com destaque para o título de 1973 quando derrotou Joe Frazier num combate memorável. Antes, em 1968, tinha ganho a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. Em 1997, contudo, decidiu pela primeira retirar-se da modalidade, dedicando-se de corpo e alma ao cristianismo. Em 1987, após 10 anos de ausência, decidiu voltar aos ringues de boxe. E em 1994, com 45 anos, voltou a ser campeão de pesos pesados, derrotando Michale Moorer e tornando-se no mais velho campeão de sempre.

Ronaldo (Futebol)

Campeão do mundo pelo Brasil em 1994, com apenas 17 anos, Ronaldo tornou-se um verdadeiro fenómeno no futebol. Trocou o PSV pelo Barcelona e foi Bola de Ouro em 1997. Depois, já no Inter de Milão, começou o calvário de lesões. Em abril de 2000, quando fazia a sua reaparição após cinco meses de recuperação de uma lesão, rompeu os tendões do joelho e ficou parado um ano e meio. Durante esse período muitos colocaram em causa se o brasileiro iria regressar aos relvados. Mas voltou. Ainda a tempo de se transferir para o Real Madrid, onde venceu um campeonato, uma Taça Intercontinental e uma Supertaça de Espanha. E de ser novamente campeão do Mundo pelo Brasil, em 2002. Antes de terminar a carreira ainda representou o AC Milan e o Corinthians.

Michael Phelps (Natação)

Após os Jogos Olímpicos de 2012, em Londres, onde conquistou quatro medalhas de ouro e duas de prata (nas olimpíadas anteriores, em Pequim, chegou às oito medalhas), o nadador norte-americano Michael Phelps anunciou a sua retirada da competição. Mas dois anos depois, em 2014, decidiu regressar, com a intenção de estar presente nos Jogos do Rio em 2016. Phelps, contudo, foi notícia pelos piores motivos, com casos relacionados com o consumo de drogas e álcool a mancharem a sua carreira. Falhou os Mundiais de 2015, mas reapareceu em grande nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, ao conquistar seis medalhas (cinco de ouro e uma de prata), chegando ao impressionante número de 22 medalhas em Jogos.

Michael Jordan (Basquetebol)

Em outubro de 1993, Michael Jordan anunciou a sua retirada, alegando falta de desejo de continuar a jogar, três meses depois da morte do pai, cujo corpo esteve desaparecido durante 10 dias depois de ter sido assassinado por dois adolescentes. Se essa decisão surpreendeu tudo e todos, mais espanto causou a sua incursão pelo basebol, tendo representado os Birmingham Barons e os Scottsdale Scorpions. Porém, em março de 1995 desistiu do basebol para voltar à modalidade, tendo conquistado mais três títulos da NBA, duas distinções de MVP da temporada e três títulos de melhor marcador.

Nélson Évora (Atletismo)

Nélson Évora tocou o céu do triplo salto quando em 2008 conquistou a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Pequim, um ano depois de se ter sagrado campeão mundial. O triplista português procurava repetir a façanha nos Jogos de Londres, em 2012, mas em janeiro desse ano sofreu uma fratura na tíbia direita, osso em que já se tinha lesionado com gravidade em fevereiro de 2010. Esteve cerca de dois anos e meio afastado das pistas e tem sido incapaz de superar o recorde nacional de 17,74 metros, mas desde então que já conquistou um título europeu ao ar livre e dois em pista coberta, assim como uma medalha de prata no Europeu de pista coberta deste ano e duas de bronze em Mundiais.

Floyd Mayweather (Boxe)

Milionário e polémico, Floyd Mayweather já anunciou por três vezes que se ia retirar dos ringues. A primeira foi em julho de 2007, porém voltou mais de dois anos depois para derrotar Juan Manuel Márquez em agosto de 2009. Seis anos depois, após ter levado de vencida o mediático duelo com Manny Pacquiao e de ter defendido três títulos frente a Andre Berto, anunciou nova retirada, encerrando a carreira com um registo invicto de 49-0. No entanto, voltaria aos ringues após quase dois anos de ausência para um novo duelo mediático com Conor McGregor, saindo mais uma vez vitorioso. Desde esse combate de 26 de agosto de 2017 que tem estado retirado, mas nada garante que possa ser de vez.

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