Cupra Born e-Boost. À procura da versão desportiva

Cupra Born e-Boost. A Cupra está a precisar de uma versão desportiva do seu elétrico Born. Será que este e-Boost cumpre esse papel? Respostas em mais um teste TARGA 67, feito em estradas portuguesas.
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A plataforma MEB para veículos elétricos que o Cupra Born partilha com outros modelos do grupo Volkswagen permite versões mais potentes e desportivas, como já se viu com as variantes GTX dos ID.4 e ID.5 que chegam aos 299 cv, usando dois motores, um por cada eixo. Mas a Cupra ainda não aplicou essa solução ao Born, o seu primeiro modelo 100% elétrico. Para já, a versão mais potente chama-se e-Boost e tem 231 cv, em vez dos 204 cv da versão base. Ambos só têm um motor atrás e o mesmo binário máximo, mas o e-Boost usa uma bateria de 77 kWh, em vez da mais pequena de 58 kWh. O ganho na aceleração 0-100 km/h é pequeno, devido ao aumento de 210 kg no peso total, descendo de 7,3 para 7,0 segundos. Mas o ganho na autonomia anunciada em circuito misto é mais significativa, subindo de 422 km para 551 km. Outra vantagem é poder usar carregadores rápidos até 170 kW, em vez de 135 kW. Dos 0 aos 80% de carga demora 36 minutos, num carregador dessa potência.

Outra vantagem do e-Boost é ter o modo de condução mais desportivo Cupra, com um botão direto no volante, além dos modos Range/Comfort/Performance/Individual, selecionáveis noutro botão. Tem ainda um modo Sport para o controlo de estabilidade. Os 27 cv extra desta versão estão disponíveis apenas no modo Cupra e durante períodos limitados em aceleração máxima.

O Born tem um desenho exterior bem diferenciado do Volkswagen ID.3, com o qual partilha quase tudo. Um visual mais desportivo, realçado por detalhes de cor cobre, um hábito da marca que se prolonga ao interior e lhe dá um ambiente especial.

Muito espaço nas duas filas, com bom encaixe nos bancos desportivos da frente. Só falta mais ajuste em alcance ao volante. Críticas para o painel de instrumentos pequeno e com o comando rotativo da transmissão colocado no seu extremo direito. O ecrã tátil central é pouco intuitivo e falta iluminação nos comandos táteis em rodapé. Os botões táteis do volante são difíceis de usar e são inadvertidamente ativados pelas palmas das mãos nas manobras.

O raio de viragem curto ajuda em cidade, onde o Born e-Boost é muito fácil de conduzir. Mesmo no modo Range, a resposta do acelerador é imediata, mas suave. A suspensão sente-se firme mas não é desconfortável. O pedal de travão é fácl de dosear e no comando da transmissão é possível ativar a função "B" de maior regeneração na desaceleração. É progressiva e de fácil adaptação.

No meu habitual teste de consumos em cidade obtive um valor de 13,6 kWh/100 km, o que equivale a uma autonomia urbana real de 566 km. Em autoestrada, o consumo a 120 km/h estabilizados sobe aos 19,2 kWh/100 km e a autonomia real desce aos 401 km. São valores bons para o segmento e bem melhores que os da versão de 204 cv, que testei há algum tempo e com o qual obtive uma autonomia real em cidade de 352 km e de 305 km em autoestrada. Nas vias mais rápidas, o e-Boost beneficia de um bom Cx de 0,27 para diminuir os ruídos aerodinâmicos. A estabilidade é muito boa e os ruídos de motor e de rolamento muito baixos. Passando do modo Range ao Comfort ganha-se um pouco de vivacidade no acelerador e depois um pouco mais no modo Performance.

Mas para perceber o que este e-Boost tem para dar numa condução mais rápida, é preciso passar ao modo Cupra, subindo mais um degrau na prontidão das acelerações, que se sentem então mais desportivas, mas não muito mais do que na versão de 204 cv. A travagem é competente, apesar de usar tambores nas rodas de trás, deixando perceber o peso superior desta versão.

Numa condução mais desportiva, em estrada secundária sem trânsito, a direção agrada pela rapidez e precisão, mas os pneus não estão à altura, quando se pede mais da aderência lateral. A subviragem chega cedo e aconselha a levantar o pé direito. Para os condutores mais experientes, encontrando piso escorregadio, a posição Sport do ESC deixa a traseira deslizar um pouco quando se acelera mais, sentido-se o efeito da tração traseira. Divertido, para quem está habituado a este tipo de condução.

O e-Boost com bateria de 77 kWh custa mais 5 500 euros que a versão de 204 cv com bateria de 58 kWh. As performances pouco diferem, mas as autonomias melhoram. Ou seja, acaba por ser a versão para quem procura maior autonomia, mais do que melhores prestações. Ainda não é a versão desportiva de que a gama Cupra Born está a precisar.

Cupra Born e-Boost

Motor: Elétrico atrás.

Bateria de 77 kWh úteis.

Potência máxima: 231 cv.

Binário máximo: 310 Nm.

Tração: Traseira.

Aceleração 0-100 km/h: 7,0 s.

Velocidade máxima: 160 km/h.

Consumo combinado anunciado: 15,8 kWh/100 km.

Autonomia combinada anunciada WLTP: 551 km.

Tempo de carga: 36 minutos (0 a 80% a 170 kW).

Bagageira: 385 litros.

Pneus: 215/50 R19.

Peso: 1946 kg.

Preço: 45 942 euros

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