A preciosa e ancestral arte de criar jóias
Joalharia. É arte e ofício. Exige conhecimento, criatividade, técnica e dedicação. Artesanato que modela metais nobres e pedras preciosas para expressar sentimentos de outrem. As jóias exclusivas resistem e a arte manual dos joalheiros persiste no meio da industrialização
É consenso entre os joalheiros que "tudo" - a arquitectura, a natureza, os deuses - serve de inspiração para conceber uma jóia. Argumentam que a destreza manual, a criatividade, a paciência e a persistência são imprescindíveis nos ourives.
Ver, para além de olhar, e compreender, mais do que conhecer, são obrigatórios no processo de criação de uma peça personalizada. Priorizam os metais nobres e as pedras preciosas, mas estão limitados pela possibilidade económica dos seus clientes. Dizem perder um pedaço de si quando uma jóia parte e sentem orgulho quando a vislumbram nas montras e corpos alheios.
As suas preocupações, como artistas e profissionais, variam. São específicas do seu ramo de actuação, da sua experiência e trajectória profissional. Valorizar o conhecimento transmitido por uma jóia, introduzir materiais contemporâneos, como o acrílico e o arame, e unir criatividade e método na criação das peças estão entre os processos primordiais da joalharia, segundo o ponto de vista do artesão Filomeno Pereira de Souza.
A ourives Fátima Neto preocupa-se com o desaparecer das profissões manuais e solicita a atenção dos jovens para o ofício "ancestral" da joalharia, que diz exigir paciência e minúcia. Aponta o investimento em pesquisa e a participação em feiras e eventos como cruciais para o processo de criação, para "traduzir almas".
Montras a exibirem peças idênticas - a massificação da joalharia resultante dos processos industriais - são um alerta na perspectiva do joalheiro José Maria Bulhão. Alega que as jóias personalizadas exprimem um facto, uma época ou um sentimento íntimo.
À jovem artesã Joana Carvalho não bastou o talento, foi preciso o apoio dos pais para dar o arranque como profissional de joalharia. Faz bijuterias para ser possível criar jóias, persistente na profissão que escolheu.
Eles são joalheiros. Estetas de adereços para o corpo, tradutores de épocas e sentidos, transmissores de conhecimentos, artífices de formas únicas, moldadores do metal e das pedras. Dão forma e beleza ao simbólico e ao concreto expressado pelas jóias.|