Banda: The Irrepressibles .Título: "Nude" .Editora: Naked Design Records / Éter Music .Classificação: 4 / 5 .A música pop conhece hoje uma expressão muito além do que poderiam parecer as suas "fronteiras" clássicas. Ou seja, não é raro encontrarmos hoje quem se expresse através de linguagens com clara filiação na música pop mais que depois se manifestam através de formas que podem caminhar nos mais variados sentidos. Os The Irrepressibles são então um exemplo de como uma ideia pop pode encontrar espaços de diálogo com os instrumentos que habitualmente encontramos na música orquestral, juntando ainda uma noção de dramatismo e teatralidade a um corpo que resulta da soma de todas estas partes. Estrearam-se há dois anos com o álbum Mirror Mirror, que procurava desenhar caminhos para uma pop de câmara (menos ambiciosa portanto que uma noção de grandiosidade sinfónica) e apresentava canções que revelavam, sobretudo no trabalho de arranjos, todo um programa de busca por uma identidade que todavia se revelou impossível de separar da faceta performativa (muito elaborada, mesmo barroca) que se manifestava nas atuações ao vivo. Nude, lançado esta semana, arruma de forma mais decidida as ideias em jogo e, ao mesmo tempo, e sem abandonar a teatralidade da sua expressão em palco, consegue, mais que no primeiro disco, edificar um corpo de canções que podem também viver independentemente das imagens. O disco manifesta também a procura de um centro de gravidade entre o trabalho com arranjos orquestrais e a genética pop (que recorre a eletrónicas) que mora na base da formação pessoal do próprio Jamie McDermott, a voz e alma criativa central do projeto. Tal como o primeiro disco, é um objeto invulgar. Mas talvez hoje menos intrigante. Afinal há uma história em continuidade em construção. E vale a pena mantermo-nos atentos...