A personalidade própria do pop esponja
Há grupos pop que nasceram para mudar o mundo, o da música e o outro, o geral. Pode acontecer por acaso ou por medida - e lá estão os U2 para o provar em cada uma das suas gloriosas etapas. Quem procurar esta dimensão transformadora naquilo que os The Script vão apresentando como tese, com quatro discos marcados pelo compasso dos anos pares, está a condenar-se à desilusão. Estes três rapazes de Dublin integram outralegião, menos decisiva mas igualmente indispensável: a dos que cantam e tocam para a adesão imediata e para o prazer expresso. Replicam, mais uma vez, a essência pop da glória efémera, da canção que se sabe de cor e nos acompanha por tempo indeterminado mas finito. Por outras palavras, vivem - no momento em que chegam a Portugal, para mostrar desenvoltura e hinos, ingenuidade e capacidade de contágio - o respetivo momento de glória. Para desfrutar quanto antes, já que não se sabe se a energia, o talento e a sensação de frescura se prolongarão em próxima investida.
Tudo começou cedo para Danny O"Donoghue, o cantor porta-bandeira, o cromo, o flautista de Hamelin que empolga as massas, figurinha motriz na pop, e para Mark Sheehan, o guitarrista, o contraponto, o careca que, por intuição, classificamos como o desenhador de fronteiras.