A palavra é uma arma

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Guerra de palavras, além de guerra pelas armas, marca as últimas horas de forma veemente. O Kremlin diz que "a acusação de Joe Biden é imperdoável". Os Estados Unidos consideram que Vladimir Putin é "um criminoso de guerra" e "um ditador". Estas palavras foram usadas pelo próprio Joe Biden ao referir-se ao seu homólogo russo. A escalada de tensão tem aumentado e a guerra desencadeada pela Rússia na invasão à Ucrânia parece ainda longe do fim. Colocar mais lenha na fogueira não será a melhor estratégia para chegar a bom porto. A palavra, pode aliás, ter o uso de uma arma.

Ontem, ao 23º dia de guerra, foram ouvidas explosões em Lviv, no oeste da Ucrânia. Uma fábrica de manutenção de aviões, perto do aeroporto, foi atingida por mísseis russos, segundo o autarca da cidade. Em Mariupol foram constantes os bombardeamentos dificultando a saída de pessoas da cidade. Um dos alvos foi o teatro da cidade onde foi preciso resgatar 130 pessoas, para além de mil estraem num abrigo subterrâneo no mesmo local. Situação trágica numa cidade feita em cacos.

Ao mesmo tempo que caem os misséis, aumenta o nível de sanções sobre a Rússia. A própria União Europeia poderá estar a preparar um quinto pacote, mais duro, de penalizações. Mas Putin veio dizer ao mundo, por outras palavras, que já não tem nada a perder. Sergei Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russo, afirmou ontem que a Rússia perdeu qualquer ilusão de depender do Ocidente e que Moscovo não irá aceitar um mundo dominado pelos EUA que querem agir como um xerife global. "As sanções tornam-nos mais fortes", disse Lavrov a uma televisão russa. Recordou que a Rússia já foi alvo de "mais de 5.000 medidas individuais" por ter invadido a Ucrânia, em 24 de fevereiro, e que "é quase o dobro do número de sanções impostas à Coreia do Norte e ao Irão", observou."Eles [o Ocidente] estão agora a ameaçar com uma quinta vaga de sanções, talvez depois disso venha a haver outra vaga, mas estamos habituados a isso", desvalorizou.

Quando um líder, como Putin, já nada tem a perder, poderá perder a cabeça. Como afirmou nas últimas horas o Papa Francisco, "o sangue e as lágrimas das crianças o sofrimento de homens e mulheres que estão a defender a sua terra ou a fugir de bombas abalam as nossas consciências"... ou devem abalar! O mundo precisa de entendimentos, até porque já está a pagar várias facturas provenientes da crise provocada pelo conflito militar. A pior de todas, tem um custo humano incalculável e imperdoável.

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