A nova televisão

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O recente projeto televisivo de João Manzarra no seu Facebook é mais uma prova de como a televisão, cada vez mais, rompe as fronteiras clássicas que fizeram dela o que hoje conhecemos. Para quem não sabe, o apresentador da SIC lançou há um mês Rés do Show Esquerdo, um pequeno talk show que passa em exclusivo todos os dias na Internet, na rede social de que fazem parte cada vez mais portugueses. O facto de figuras de televisão, atores, produtores e guionistas se interessaram cada vez mais pela Internet e, em particular pelo Facebook, revela duas coisas: por um lado, a consciência de que a televisão clássica, sobretudo a generalista, perdeu-se no labirinto que ela própria criou e, por outro, a necessidade de a indústria se aproximar de outros gostos, de outras tendências de consumo e de outros públicos, que não passam a sua vida em frente ao televisor.

Rés do Show Esquerdo é apenas um pequeno programa, um minúsculo grão de areia fora da engrenagem clássica, mas é bem pensado e bem executado, respeitando as lógicas rápidas das novas narrativas mediáticas.

De resto, a Internet tem feito o seu caminho, algures entre o alternativo e o mainstream. No último ano, cito-vos dois projetos que nasceram de duas realidades: a necessidade de alimentar ideias e novos caminhos criativos e a inevitabilidade de produzir conteúdos mais baratos, com orçamentos reduzidos que não davam sequer para um genérico no pequeno ecrã. A Speaky TV, de Fernando Alvim, é um laboratório de ideias, que valoriza mais o conteúdo do que a forma, num registo mais caseiro, e, noutra dimensão, a Celeb TV, de Flávio Furtado, mais cuidada do ponto de vista estético e que cavalga a onda "beautiful people" que, lá fora, é um poderoso segmento de negócio.

O caminho é longo e só se faz caminhando, mas, não nos iludamos, é de sentido único. Não há inversão de marcha possível.

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