À nossa saúde!

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À medida que os anos vão passando os desejos têm uma certa tendência a aligeirar-se. A maturidade traz consigo sapiência e com essa diminui-se a importância do material em detrimento do emocional e do bem-estar. A saúde ganha preponderância, seja a nossa ou a dos que são importantes para nós.

Ao analisar esse vasto tema, e lembrando que já lá vai mais de uma década dedicada à área do ensino na Saúde, concluo: é impossível viver numa sociedade que não considere a Saúde como um dos primeiros elementos classificadores da qualidade de vida da população.

Dito isto, não é menos importante clarificar que ser governante em Portugal, seja com que pasta for, não é propriamente um mar de rosas. E esse contexto de dificuldade acrescida leva a que, em várias circunstâncias, seja complexo encontrar quem esteja disponível para desempenhar certos cargos ligados à governação.

Se sempre assim foi, nos últimos anos piorou. Houve uma pandemia que paralisou o mundo e a economia, portanto um cenário digno de um filme de ficção científica. Um dos resultados dessa "longa metragem" foi a remodelação significativa do modo como as pessoas passaram a encarar o trabalho. Ainda hoje muitos setores enfrentam um contexto adverso para a contratação e busca de talento.

Pelo caminho ficaram os malogrados isolamentos de milhões de pessoas, cidades e países, o fecho de escolas, do comércio e da economia no seu todo. Todavia, as respostas foram dadas e a pandemia foi controlada.

Por essa razão, a anterior responsável da pasta da Saúde em Portugal teve o mérito de ter conduzido os destinos do país nessa área ao longo de um sinuoso e penoso percurso. É preciso reconhecê-lo porque quem não o fizer ficará preso ao negativismo e aquela crítica fácil que apenas destrói e corrói.

De forma discreta, como é seu apanágio, Manuel Pizarro tomou posse no domingo como o novo "senhor da saúde".

Sobre o novo ministro já muito foi dito. É médico, logo tem experiência profissional e conhece o setor; foi membro do governo, por isso tem calo governativo e dominará a pasta; pertence ao aparelho do partido do Governo, razão pela qual estará familiarizado com a máquina socialista e conseguirá impor-se no Conselho de Ministros e que é próximo de António Costa, o que lhe facilitará a vida no momento de impor a sua agenda.

Tudo o que se diz até pode ser verdade, mas Manuel Pizarro também é como todos nós, ou seja, Humano. Assim, e de acordo com a sua condição, por muitas qualidades que tenha precisará de um ingrediente inegociável e impossível de se controlar na plenitude: o tempo. Será necessário tempo para entrar ao pormenor em todos os dossiês e estruturar o seu plano de ação.

Quem tinha de criticar já criticou, como é sua função (até porque não sabe estar de outra forma), quem tinha de se regozijar já se regozijou. É então o momento, sem estados de graça porque a conjetura não se coaduna com tais asceses, de dar tempo ao tempo e deixar que desse compasso surjam os primeiros resultados.

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