A multiplicação do pão sagrado

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É um dos doces característicos da festa da Páscoa cristã em certas regiões do País. Folar, na forma mais lata, designa o presente que os padrinhos oferecem aos afilhados ou os paroquianos ao seu pároco. Este bolo, entre outros ingredientes, leva farinha e ovos. Ou seja pão, que simboliza o corpo de Cristo, mais o ovo, símbolo de vida que recomeça.

Na tradição cristã portuguesa, durante a Páscoa, o corpo de Cristo é representado também no pão-de-ló , pão -doce ou na modesta regueifa. Em muitas aldeias do Minho, o folar que os padrinhos ofereciam aos afilhados era precisamente a regueifa (ou rosca, como aí se designa), que nesta época festiva surgia com minuciosos ornamentos. Pelo tamanho da regueifa, aferiam-se as posses e o estatuto social de quem a oferecia. O simbólico corpo de Cristo, enfim, não era igual para todos. Os afilhados mais afortunados, depois de beijo na mão e da entrega do ramo ao padrinho, punham a regueifa no pescoço, e assim, ufanos, regressavam a casa com o troféu.

Nos concelhos de Vila do Conde e Maia, o folar é o pão-doce, feito com ervas-doces, ovos, açúcar, farinha, etc. Em Trás-os-Montes, o doce perde a doçura e ganha em gordura. Aqui a carne de porco marca presença neste alimento ritual de Páscoa. A Sul, no Alto Alentejo, o bolo pascal assume a forma de um duplo coração recamado de ovos e decorado com motivos feitos na mesma massa.

Original na feitura e na apresentação é igualmente o folar de Oliveira-de-Azeméis o doce aparece em forma de galinha deitada sobre uma noz, ou de duas, bico com bico, cobrindo dois figos passados. No Porto, no dia de Páscoa, manda a tradição, come-se o pão-de-ló de Margaride - também conhecido por pão-leve. F.M.

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