A Monstra já é maior de idade e a festa é para todos

. Entre clássicos, como o Yellow Submarine (1968), e estreias nacionais, como A Idade da Pedra, a 18.ª edição do Festival de Animação de Lisboa decorre até dia 18 deste mês
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A Monstra - Festival de Animação de Lisboa faz 18 anos e, nesta espécie de festa de chegada à maioridade que é a sua edição de 2018, difícil é encaixá-la na equação dos nossos dias, adultos ou miúdos, de tal maneira é rica a sua programação. Entre amanhã e dia 18 deste mês haverá clássicos como Yellow Submarine, de George Dunning, ou Belleville Rendez-Vous, de Sylvain Chomet, que dará uma masterclass sobre a sua obra, a antestreia de A Idade da Pedra/Early Man, de Nick Park, o realizador (premiado com um Óscar) da Fuga das Galinhas, que protagonizará uma das Talks do festival. Tal como Paul Driessen, que ali estreia A Origem do Som/The Origin of Sound, e dará um workshop, ou a estreia de 4 Estados da Matéria, do português Miguel Pires de Matos, arquiteto que neste ano abre o festival que o converteu ao cinema de animação.

Fernando Galrito, diretor artístico da Monstra, lembra-se bem da primeira edição, meses depois de o Queer se apresentar como o primeiro festival de cinema em Lisboa. Foi na sala do Teatro Taborda, onde cabiam umas cem pessoas, que tudo começou com um projetor emprestado pelo INATEL, visto que a maioria dos filmes ainda eram em película. "O único sítio onde ele cabia era mesmo na entrada. A projeção era feita através de uma porta, passava por cima do balcão da sala de espetáculos e levava a imagem lá para baixo, para o ecrã. A primeira coisa que as pessoas viam era o projetor de cinema, e se a sessão estivesse a acontecer viam-no a trabalhar."

Fernando recorda ainda as maratonas de 24 horas de cinema de animação, onde era servido cacau quente e, no final da noite, caldo verde; e onde "havia sempre muita conversa sobre os filmes que tínhamos acabado de ver". No Teatro Taborda havia ainda a Capelinha das Imagens, uma capela "onde as pessoas podiam fazer o seu próprio filme desenhado diretamente na película. E depois no final fazíamos uma montagem de todos estes filmes feitos pelas pessoas e durante os dias de festival fazíamos uma projeção com um grupo de músicos ao vivo, a acompanhar as imagens. Normalmente, o festival acabava com essa jam session".

Passaram-se 18 anos e o público cresceu; o cinema de animação, que Fernando vê dotado de uma paleta ainda mais vasta do que a da realidade e mais conforme à metáfora que nos abre a vista para o mundo, faz cada vez mais parte do nosso dia-a-dia.

A Monstra, que inclui a Monstrinha e a Baby Monstra, dedicadas às crianças e aos bebés, fundamental "para criar novos públicos", já conheceu duas gerações de espectadores, e alguns dos que vieram em criança voltam agora adultos. É em diálogo com as demais áreas artísticas e tecnológicas que Fernando vê o cinema de animação: da inteligência artificial à dança ou à música, não por acaso o pianista Filipe Raposo assina a curadoria de ClipAnim, amanhã no Cinema São Jorge, a principal casa da Monstra.

Fernando Galrito evoca "mudanças substanciais" nas plateias que veem cinema de animação, e começa logo pela "grande alteração do paradigma com a ideia de que o cinema de animação é uma coisa mais para a infância. As pessoas, também por causa da Monstra, foram percebendo que há vários tipos de linguagem, e vários tipos de público como objetivo".

Além do mundo que por ali passa - mais de 90 países no total, competição de estudantes incluída -, há 12 curtas portuguesas para ver na competição nacional, de Joana Imaginário a Catarina Sobral. A Monstra está, pois, pronta a receber os miúdos, sejam Pais & Filhos ou Escolas (já com 19 mil inscrições), e os graúdos.

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