A monoparentalidade

Nos nossos dias é cada vez mais frequente a ocorrência de famílias onde vive só um pai ou uma mãe (sem cônjuge) e com um ou vários filhos. Na linguagem dos psicólogos chamam-se famílias monoparentais.
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O aumento das famílias monoparentais está presumivelmente sobreavaliado devido à mudança de critérios, que, em 2001, passaram a incluir os filhos de viúvos, separados ou divorciados. Por outro lado, podemos considerar que o aumento das famílias monoparentais «jovens» aponta para um movimento real que não se prende com a mudança de critérios.

O facto de se viver só com um dos pais não constitui uma base sociológica suficiente para compreender o funcionamento da família monoparental. É necessário ter em conta as características e os recursos das famílias, o papel das mulheres na sociedade, os horários de trabalho.

Nas famílias monoparentais, um dos progenitores tem mais liberdade de tomar decisões, o que implica também responsabilidades acrescidas. Pode haver situações em que deseje ter alguém para partilhar as obrigações e os sentimentos de ser pai ou mãe. A criança está mais envolvida nas rotinas de casa do dia-a-dia. É frequente discutirem-se com ela assuntos (compras para a casa, onde passar as férias) que, numa família convencional, seriam tratados sobretudo com o parceiro.

Quando se trata de um bebé, as coisas complicam-se. Ainda que os pais, como toda a gente, necessitem de pausas, é necessária uma assistência de 24 horas. Além de alguém para conversar e para ajudar. É aconselhável que o pai ou a mãe convivam com pessoas em situações semelhantes para trocarem informações.

É frequente haver casais que tendo filhos em comum não habitam a mesma casa. Isso obriga a que sejam estipulados períodos (dias e horas, férias) em que o pai ou a mãe têm a oportunidade de passar algum tempo com o filho ou a filha. Este arranjo tem muitas vezes uma cobertura legal que ignora muitos aspectos práticos. É essencial que os pais que ficam com as crianças apenas em determinados períodos reservem um espaço da casa só para elas.

O progenitor que está com a criança todos os dias é, normalmente, o responsável pelos cuidados de higiene, actividade escolar, saúde, disciplina e até pela própria educação da criança. O outro progenitor ocupa-se sobretudo das actividades de lazer.

Esta relação implica o contacto entre pai e mãe, que deve ser o mais cordial possível, sobretudo quando a criança está presente, o que pode ser difícil para ambos e originar momentos de tensão emocional e discussões.

É importante que os pais tenham a consciência das implicações que as suas acções têm na vida da criança e que não a usem como modo de obter informações sobre o outro, nem a façam sentir-se culpada pelo facto de amar ambos.

Para a própria criança é difícil viver a divisão entre casa do pai e casa da mãe. Os momentos de separação do progenitor com quem vive permanentemente podem constituir uma fonte de ansiedade que dificulte a organização da sua vida. Mas o desenvolvimento da criança não tem necessariamente de ser afectado. As crianças que crescem nestas famílias podem até tornar-se responsáveis e maduras mais cedo com as responsabilidades acrescidas que podem ter.

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