A misteriosa morte de Rashid, o príncipe playboy do Dubai

Sheikh Rashid era o herdeiro do trono do emirado, mas um misterioso ataque cardíaco roubou-lhe a vida aos 34 anos. Rumores de consumo de drogas vêm agora a público.
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Passou mais de uma semana desde a morte do filho do xeque do Dubai mas pouco ou nada se sabe do que realmente aconteceu ao jovem que, até 2008, era herdeiro do trono daquele emirado árabe.

O filho de Mohammed bin Rashid Al Maktoum, emir do Dubai, tinha 34 anos e deveria suceder ao pai à frente do emirado. Mas, a 18 de setembro, morreu na sequência de um ataque cardíaco, segundo a versão oficial.

Foi, no entanto, ainda em 2008 que o seu pai lhe retirou o título de príncipe herdeiro. As razões pelas quais o emir tomou esta inusitada decisão nunca foram explicadas. Apenas foi dito oficialmente que Hamdan, irmão mais novo de Rashid, era "mais adequado para o cargo". Porém, num dos documentos diplomáticos revelado durante o maior caso de fuga de informação secreta de sempre - o Wikileaks -, um membro da embaixada norte-americana no Dubai adiantava: "Alegadamente, Rashid terá matado um assistente que trabalhava no gabinete do pai, perdendo assim a sua oportunidade de ser herdeiro." Também no escândalo Wikileaks foi revelado que, alegadamente, vários membros das famílias reais dos Emirados Árabes Unidos participariam em orgias repletas de drogas. Entre os quais, supõe-se, estaria Rashid. "Por detrás da fachada do conservadorismo wahhabi [islamismo sunita ortodoxo] das ruas, a noite clandestina para a jovem elite de Jeddah [segunda maior cidade da Arábia Saudita] vibra e prospera. Todas as tentações e vícios do mundo estão disponíveis - álcool, drogas, sexo - mas apenas atrás de portas fechadas. A liberdade para desfrutar de atividades carnais é apenas possível porque a polícia religiosa se mantém à distância quando as festas incluem a presença ou o patrocínio de um membro da família real saudita e do seu círculo de leais acompanhantes", podia ler-se numa mensagem enviada por Martin Quinn, cônsul-geral dos EUA em Jeddah.

De acordo com o Daily Mail, Sheikh Rashid teria um longo historial de consumo de drogas e esteroides, rumores esses que há muito circulavam nos círculos mais restritos da alta-sociedade do Dubai. Tais boatos contribuíram para que, em vários órgãos de comunicação social ocidentais, se tenha especulado sobre o que verdadeiramente aconteceu na manhã de 18 de setembro.

Sheikh Rashid era filho da primeira (e principal) mulher do emir do Dubai, Hind bint Maktoum bin Juma Al Maktoum. A consorte de Mohammed bin Rashid Al Maktoum desde 1979 é mãe de 13 dos 24 filhos do chefe de Estado daquele país árabe.

Durante a infância e a adolescência, o filho mais velho do emir do Dubai estudou na Rashid School for Boys, instituição privada de ensino fundada pelo seu pai em 1986 (quase, diríamos, propositadamente para a educação do seu herdeiro, na altura com 5 anos). A escola ministra o sistema de ensino britânico e a maioria das aulas são dadas em inglês. Depois, formou--se na academia militar de Sandhurst, em Inglaterra, a mesma onde estudaram os príncipes Filipe (marido da rainha Isabel II) e o príncipe William. O jovem príncipe assumiu, a partir de 2002, vários cargos em diversas empresas ligadas à família real do Dubai, entre as quais o Noor Investment Group (que detém 94,9% do Noor Bank) e a United Holdings Group Dubai. A sua fortuna pessoal, segundo dados da Forbes relativos a 2010, era de 1,9 mil milhões de euros. Em 2006, Sheikh Rashid teve um dos poucos momentos de glória da sua misteriosa e conturbada vida. Venceu, como cavaleiro, duas medalhas de ouro nos Jogos Asiáticos, numa prova de endurance hípica. A partir daí, desapareceu dos olhares públicos.

O emir do Dubai é, juntamente com os filhos, uma das mais influentes figuras do hipismo. O atual chefe de Estado do Dubai (que é também vice-presidente e primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos) tem uma fortuna avaliada em 3,6 mil milhões de euros e é o quinto monarca mais rico do mundo, de acordo com uma lista divulgada pela Time em julho passado.

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