A mesquita da Zona Zero
AComissão de Preservação de Monumentos Históricos de Nova Iorque recusou qualificar de histórico o edifício da Zona Zero onde se projecta abrir um centro islâmico com mesquita.
Os membros deixaram assim em aberto o caminho para pôr em marcha a chamada Casa Córdova, um projecto da associação Cordova Initiative com a American Society for Muslim Advancement, para cuja construção será necessário um investimento de cem milhões de dólares. Isto levantou polémica em Nova Iorque, visto que se situa na zona sul de Manhattan, muito perto de onde se perpetraram os atentados terroristas do 11 de Setembro de 2001.
A propriedade fica no n.º 45-47 de Park Place, próximo de onde se erguiam as Torres Gémeas, tendo por objectivo "promover a integração, a tolerância da diferença e a coesão comunitária através das artes e cultura", segundo os promotores, que têm enfrentado inúmeras críticas, por parte de alguns nova- -iorquinos, políticos e familiares dos falecidos no 11 de Setembro.
Os críticos dizem que o centro será uma traição à memória das quase três mil vítimas do atentado, cometido pela Al- -Qaeda com aviões sequestrados. Esses críticos pretendiam impedir a obra.
Políticos conservadores, como a ex-candidata republicana à vice- -presidência Sarah Palin, também foram contra o projecto. Mark Williams, porta-voz do conservador movimento político Tea Party, disse que o centro seria usado por "terroristas para venerar o seu Deus macaco".
O presidente da Câmara de Nova Iorque, Michael Bloomberg, apoiou o projecto, bem como várias organizações religiosas e activistas comunitários na cidade. Bloomberg disse que espera que a mesquita dê mais unidade, luz e vitalidade à zona, e "ajude a rejeitar a falsa e repugnante ideia de que o atentado de 11 Setembro coincide de alguma forma com o islão". Porém, 52% dos nova-iorquinos são contra. Mais de 30 líderes e activistas judeus também se manifestaram em Nova Iorque a favor da construção. "Necessitamos deste centro para que se cultive o amor e o respeito, em contraste com os que cultivam o ódio e a destruição", afirmou o rabino nova-iorquino Richard Jacobs, que pediu que se permita que a Casa Córdova se converta "num farol de luz e esperança a poucos metros de onde houve dor e terríveis danos".
O Presidente Obama, disse, na ceia anual de iftar (ruptura tradicional do jejum diário do Ramadão) oferecida na Casa Branca: "Como cidadão, e como Presidente, creio que os muçulmanos têm os mesmos direitos de praticar a sua religião como qualquer outra pessoa nesse país. Isso inclui o direito de construir um lugar de veneração e um centro comunitário numa propriedade privada em Manhattan."